sexta-feira, 18 de março de 2011

Por vezes a aragem do dia traz até mim um cheiro sobejamente conhecido que me faz abrir os meus grandes olhos e observar de onde vem tal gostoso paladar. A certa altura enquanto descansava a minha grande pança de Reverendo, vejo um rastejante passar mesmo à minha frente com aquelas perninhas bem gordinhas, à espera de um dentinho que as ferre. Enfim, uma bela barra de proteínas, mas que fazer? Este subsídio que carrego debaixo do peito já me pesa um pouco e não estou para me cansar a tentar apanhá-lo. Por isso adormeço mais um pouco. Por fim, a espertina atinge-me à noite, sempre iluminada pela lâmpada da terra. Assim sendo, decido ir dar uma volta pela freguesia do bairro.
A Dona Maria, enquanto cozinhava, lança-me um pedaço de entrecosto que me cai nas goelas. Depois, quando ia a caminho da casa do Sr. Manuel à procura dos belos bifes que ele tão bem prepara, vejo uma gata. Que bela gata...
Iluminada pelo ar, lança-me um olhar como que me enfeitiçando. Meto a pata ao peito e o meu coração dá palitadas nas costelas. Nunca senti nada assim... Bem, há uns anos, sim, quando era D. Bonifácio de Calatrava nenhuma gata resistia àquelas minhas patas atléticas. Mas agora... Agora os tempos mudaram e elas não gostam que um gato tenha no seu peito um pouco de formosura a mais.
Bem, mas hoje vou tentar a minha sorte!
Daniel Nunes, 11.º E

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