segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Perdidos no Eco


 
   O ser humano distingue-se dos restantes animais por uma infinidade de razões que nos são ditas e repetidas ao longo da vida, como um eco que parece não cessar. Os feitos impressionantes e revolucionários de um punhado de indivíduos - por assim dizer - são alargados a toda a espécie humana para que o sentido de realização se distribua uniformemente por cada exemplar: "O ser humano manipulou a eletricidade", "O ser humano levantou voo" ou "O ser humano pisou a Lua". Continuamos a ouvir este eco mas - e obedecendo o som às leis da física - está cada vez mais… distante. Podemos voltar a gritar para que se prolongue, mas voltar a ouvir um disco não o torna novidade. Parece lógico então que se grite sobre algo novo. Mas sobre o quê?
   Muitos preferem o silêncio, perdem-se no eco das palavras cada vez mais ténues. Não é na verdade um silêncio, mas sim um murmúrio que só ouve quem se aproxima o suficiente. Não pretendem que as suas palavras cheguem a ouvidos alheios mas sim a quem lá está para as ouvir. Muitos gritam o que outros murmuraram ou ouviram perdido algures, num dia que não lembram. Pretendem, por assim acharem melhor, que algumas palavras fiquem no ar para todos terem oportunidade de ouvir. Há por fim quem grite o que pensa, aqueles para quem as suas próprias palavras devem fazer parte do alvoroço para, com alguma sorte, serem novamente gritadas por alguém.
   É interessante que, ao contrário dos outros animais, a nossa consciência seja assombrada com o conhecimento que um dia iremos deixar de existir. Sabemo-lo, mas preferimos pôr esse pensamento de parte e não o vocalizar demasiado, não vamos nós perceber que não fizemos tanto até agora quanto desejávamos, pois quer a murmurar ou a gritar queremos sempre passar a nossa palavra a alguém antes de não o podermos fazer mais. Não precisamos de gritar tão alto para aparecer em livros, ser-nos erguida uma estátua ou nos dedicarem um feriado. É preciso um esforço tremendo para submeter as nossas cordas vocais a tamanho exercício. Mas devemos sempre falar, mesmo que baixo, porque não importa até onde a nossa voz chegue, ela ficará sempre perdida no eco.
João Romão, 12ºA

Que rico destino


   Simplesmente cansei-me de esperar por aquele destino que só me fez esperar sem lhe poder "tocar". Deixei de acreditar no destino e passei a acreditar em coincidências. Essas sim, ao menos consigo " tocar e realizar".
   O destino só me fez esperar por factos, coisas, pessoas e lugares que nunca chegaram. O destino mudou cursos da minha vida que eu desejava que se perpetuassem. Esse destino só nos dá bofetadas... Não gosto dele, e ele, definitivamente, não gosta de mim. Quantas vezes estou eu a andar de bicicleta, sozinho e nunca vejo esse tal destino a passar por mim a correr. Só sei que o destino não existe e se existe nunca tive o prazer de conhecer tal coisa. As pessoas pensam que o destino está ali na esquina, que se espera e… "puff", ele aparece com uma cara toda laroca, mas não. Ele nunca aparece, eu acho até que o nosso destino é esperar que o destino chegue sem nunca encontrá-lo. Talvez seja por isso que corro atrás das minhas realidades, das minhas coincidências, dos meus sonhos e desejos.
   Desejaria que nenhuma espécie de destino se destinasse a mim. Quero a minha vida sem cursos nem marcações perfeitas, porém uma coisa é muito certa, quando algo na nossa vida está demasiado programado ou projetado vem o destino alterar tudo num ápice...
João Serralha, 12º A