quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Diário de Camões

9 de junho de 1580

A velhice é, de facto, a idade mais triste da vida. Cada dia que passa, mais a minha mão trémula e envelhecida custa a escrever. Mas escrevo, por mais que me custe. Escrevo porque se não o fizer nas páginas amarelecidas deste diário, ninguém estará aqui para testemunhar a minha dor. Sinto-me velho e inútil, um resquício do que fui outrora.
Os poucos amigos que tinha, há muito esqueceram a morada deste pobre casebre, onde só o meu fiel escravo me presta ajuda, mendigando para nos alimentarmos, quando a tença de 15 mil reis anuais se esgota. Longe vão os tempos de glória, em que frequentava o paço e fazia sonhar as damas... Tempos idos.
Resta-me o consolo de ter conseguido salvar os meus queridos Lusíadas no naufrágio que me roubou a Dinamene, na foz do rio Mekong.
Foi grande o esforço para conseguir a sua publicação, mas valeu a pena. Quem sabe não servirão os meus Lusíadas para salvar o reino da escuridão em que se encontra, afogado em lágrimas de morte e luto nas areias de Alcácer Quibir. Por mim já nada podem fazer.
Wobbofet, 12.º A

Diário de Camões

Meu querido diário,

Apresento-me hoje perante ti, muito possivelmente, pela última vez.
O meu corpo está envelhecido, não é o mesmo que tinha há 30 anos, contudo, aqui estou eu pronto a aceitar a minha morte como uma amiga. Afinal, vivi sempre a minha vida ao máximo.
Lembro-me do dia em que passei a frequentar a corte do rei D. João III. A minha personalidade de homem sedutor e as minhas capacidades poéticas faziam com que conseguisse juntar o útil ao ideal, pois permitiam-me não só conquistar as damas como aumentar a minha fama de poeta.
Recordo-me ainda da fatídica viagem a Ceuta, aventureiro e corajoso, não hesitei em partir para a batalha. Regressei, depois, a Lisboa e ao estilo de vida boémia, ao qual já tinha habituado os habitantes da cidade. Foi, ainda, por essas alturas, no dia de Corpo de Deus, se a memória não me falha, que se deu mais uma "conquista" pessoal. Aquele rapas, o Gonçalo Borges, atravessou-se no meu caminho. Envolvemo-nos numa rixa e fui condenado à prisão.
Este incidente mudou-me a maneira de pensar. Quereria eu viver num país em que um pobre homem não pode defender a sua honra?
Lembro-me bem do dia em que decidi que ia ser explorador. Parti para o Oriente. As minhas longas viagens permitiram-me trabalhar n' Os Lusíadas.
Hoje terminaram as aventuras e apresento-me perante ti, meu diário, quem sabe pela última vez, e só te posso agradecer, velho amigo, eterno confidente.
Pedro Madeira, 12.º A

Diário de Camões



9 de junho de 1580
Querido diário,

Sinto-me velho. O meu corpo já sente o pesar dos anos e o fim a aproximar-se... e já fica a saudade da infância, do tempo em que o meu corpo era insaciável e de todas as façanhas que vivi.
O meu patriotismo levou-me, em 1549, a Ceuta, onde vivi uma das minhas maiores aventuras, que quase me tirou a vida.
Perguntas-me se me arrependo, e eu respondo que só me arrependo do que não fiz. Se hoje me dói a mão foi porque com ela escrevi os meus pensamentos, se me doem as pernas depois de uma pequena caminhada foi porque lhes dei uso em grandes viagens e se me dói a alma foi porque por ela passou muita realidade. Se me arrependesse de tudo o que fiz com a minha existência, a minha alma estaria tão gasta que o meu fim já teria chegado há muitos anos.
Perguntas-me o que quero, e eu respondo que quero descanso. Quero descansar o meu corpo, porque sei que enquanto não descansar ele não vai parar de doer. Quero cessar a minha alma porque por mim ela já fez muito. E quero pousar a minha pena...
Marta Zurrapa, 12.º A

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fábula do cão que ajudou o gato

Era uma vez um cão que tomava bastantes precauções. O seu melhor amigo, o gato, era o contrário, não tomava precauções nenhumas. Uma dia o cão disse-lhe:
- Tu não tomas precauções nenhumas. Algum dia hás de ir para o hospital.
- Era o que mais faltava, estar todos os dias a medir os açucares,...
- Olha, tu alguma vez foste à vacina do tétano?
- À vacina do téta quê?
- Do tétano, aquela que previne problemas caso te cortes.
- Pois, pois!
No dia seguinte, o gato andava a trabalhar com metais. O cão avisou-o para ter cuidado e ele não lhe deu ouvidos.
O cão voltou para casa e recebeu a notícia de que o seu amigo gato tinha ido para o hospital. Então, decidiu ir visitá-lo.
- Eu não te avisei que devias tomar precauções?
- Eu sei, eu sei. Tens razão.
- E o que é que aprendeste hoje?
- Olha, que mais vale prevenir do que remediar.
Miguel Soares, 7.º A