sexta-feira, 18 de março de 2011

Depois da minha sesta, naquela tarde calma e quente de Primavera, ao acordar sobre aquela cómoda almofada colorida de algodão que se encontrava à sombra da fonte principal da quinta sentia-me bem, satisfeito, mas um pouco preguiçoso. Foi então que senti um aroma diferente no ar, era algo que nunca tinha sentido antes, nem aqui na quinta onde os aromas são agradáveis e sempre surpreendentes. De repente, apoderou-se de mim uma vontade enorme de seguir aquele cheiro. Levantei-me, espreguiçei-me e, pondo cada pata na relva, devagar, sem fazer barulho, debruçei-me sobre o muro das escadas principais da entrada da quinta e os meus olhos maravilharam-se.
Foi a primeira vez que eu, D. Bonifácio de Calatrava, me deparei com uma gata formosa, elegante, com ar sereno como uma praia ao fim da tarde e com um aroma que se assemelhava ao cheiro das flores na Primavera. Aproximei-me para a poder observar melhor. O seu pêlo, branco como a neve, contrastava com os seus olhos negros. Os seus olhos assemelhavam-se a duas grandes pérolas negras que me deixaram encantado. O seu olhar penetrante deixou-me entusiasmado. Por instantes ela parecia uma estrela de cinema, com uma pose extremamente delicada, elegantemente arranjada e com o pêlo brilhante como se tivesse um holofote direccionado para ela. O seu miar soou como uma melodia aos meus ouvidos. A sua voz fina e harmoniosa confirmava a beleza exterior que fazia transparecer.
Aproximei-me ainda mais, com todos os meus sentidos cada vez mais apurados, e toquei-lhe. O seu pêlo era macio como os lençóis de seda da minha almofada.
Convidei-a a entrar e juntos comemos um belo lanche de sabor extraordinário. Talvez esse sabor se devesse ao facto de estar na melhor das companhias.
Ana Nascimento, 11.º A

Sem comentários: