quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Zé-ninguém

Eu era o Zé-ninguém, uma formiga no meio de milhões de formigas iguais. Costumava ir à praia. Passava lá o dia com os meus amigos, jogávamos uma partidinha de futebol, ríamos, íamos para a água fazer maluqueiras, apanhávamos altas ondas com a prancha de surf,... Belos tempos! Sem preocupações, sem stress, sem nada que me fizesse passar noites em branco. Era uma vida quase perfeita. Faltava só realizar um grande sonho de infância.

Um dia, decidi escrever umas músicas. Até eu fiquei surpreendido com o resultado, por isso resolvi cantá-las e lançar um CD. Segue o teu instinto, o meu CD, foi um sucesso mundial. Ganhei fortunas, comprei um Lamborghini, conheci o pessoal do jet-set. Passei de Zé-ninguém para... um ídolo... uma celebridade. Tinha tudo. Era o que eu pensava.

Um dia, faltavam cinco para a meia-noite, fui-me deitar.

A meio da noite acordei exaltado. Lembrei-me da minha outra vida. Antes daquela manhã fria de Dezembro em que me apeteceu fazer música. Naquela manhã em que morri e nasci novamente.

Passaram-se cinco anos. Nunca mais voltei à Praia da Rocha, nunca mais falei com o pessoal das jogatanas na areia semi-seca.

Apercebi-me agora... Nesta sociedade, nem a máxima dos três mosqueteiros resiste.

João Bentes, 10.º A

Passado - Presente

Olhando retrospectivamente para o passado e pensando na sociedade em que vivemos, podemos chegar à conclusão de que nestes quase quatrocentos anos que nos separam de Padre António Vieira, pouco mudou na forma como tratamos os outros seres humanos.
Pensemos, por exemplo, nos escravos das plantações na época dos descobrimentos, nos operários que trabalhavam nas fábricas inglesas aquando da Revolução Industrial, e, finalmente, nos chineses e indianos que trabalham sob condições desumanas nos seus países, e podemos observar que poucas são as diferenças que os distinguem.
É óbvio que houve algum progresso em áreas como a saúde ou a educação, mas na forma como tratamos o próximo, pouco mudou. Continuamos a olhar para os outros não como iguais, mas como meios para satisfazermos as nossas exigências e o nosso bem-estar.
Quando bebemos um café, não pensamos que pode ter sido apanhado por crianças que nunca foram à escola, tal como acontece em inúmeros países africanos e asiáticos.
Hoje, em pleno século XXI, ainda podemos assistir ao pior do Homem. Fomos à lua e voltámos, clonámos vacas, gatos, ovelhas ou tubérculos, mas não conseguimos acabar com a fome na Terra.
E assim continua o Homem ao longo dos séculos, esquecido dos outros homens.

Gustavo Galveias, 11.º A