quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O primeiro dia de aulas

O tempo passa depressa, mas as memórias ficam guardadas.
Ainda me lembro do meu primeiro dia de escola. Com seis anos, era pequeno e muito reguila. Lembro-me de entrar para a sala de aulas com vergonha por ninguém me conhecer. Sentei-me num canto a ouvir a professora falar e, quando chegou a altura das apresentações, tremi um pouco e a minha cara ficou vermelha de vergonha. Apresentei-me, disse que era o Bruno e que morava ali perto. Entretanto tocou para o intervalo. Agarrei no lanche e sentei-me sozinho no chão a lanchar. Senti-me um pouco só, mas de repente vêm dois rapazes falar comigo, o Zé e o Luís. Convidaram-me para jogar ao berlinde e com o passar dos anos fomos ficando amigos, até hoje.
Sinto saudades da infância, das brincadeiras e de ser livre e inconsciente, sem responsabilidades.

Chicken Little, C.Profissional G.P.S.I., 3.º ano

Trapezista

Na minha infância sonhava ser trapezista. Naquela altura, passava na televisão uma telenovela cujo cenário era um circo e durante todo o tempo em que o programa foi transmitido sonhei vir a ser trapezista.
Nas férias de verão, brincava com os primos que moravam mesmo ao meu lado.
Tinha todos aqueles sonhos de menina: casar com grande vestido branco, ter filhos e ser feliz para sempre.
O dia mais feliz para mim foi quando recebi uma bicicleta. Todos nós recebemos uma bicicleta e acho que esse é um dos momentos mais felizes para as crianças. Também me lembro de que, entre todas as prendas que recebia, adorava livros de pintar, barbies e missangas para fazer fios e pulseiras.
Tive uma infância muito feliz.
Sofia Magano, C.Profissional G.P.S.I., 3.º ano

Confusão na creche

Há uns anos, quando ainda frequentava a creche e tinha três anos, era uma criança que não gostava de dormir. Por essa razão armava sempre confusão no dormitório e era posto de castigo a dormir numa sala isolada.
Quando era tempo de desenhar, eu não parava quieto, por isso amarravam-me à cadeira. Fui, de facto, um miúdo muito conflituoso e brincalhão.
Naquele tempo o meu sonho era ser piloto de carros de ráli e fazer fumo no campo até não verem mais o meu carro. Também desejava ter super poderes, voar pelo mundo e conhecer tudo e todos.
Miguel Campino, C. Profissional G.P.S.I., 3.º ano

A minha infância

Há dez anos, com os meus sete anos, era uma criança feliz e adorava brincar, como qualquer outra criança gosta nessa idade.
Há vários momentos da infância dos quais me lembro com grande orgulho, mas o dia mais feliz foi quando entrei para a primária e recebi um game boy.
Recordo também o último ano de creche quando soube que iria aprender a escrever, a contar e a pintar.
Posso dizer que gostei muito da minha infância, de saltar, de pular e, mais importante, de ter toda a liberdade do mundo, sem pensar em problemas, sem obrigações.

Pedro Rega, C. Profissional G.P.S.I., 3.º ano

O Natal de 1995


Foi no Natal de 1995, quando eu tinha 4 anos, que recebi a minha primeira bicicleta. E, como todas as outras crianças da minha idade, adorava brincar com os miúdos da rua onde vivia.
Nessa altura, quando não tinha preocupações nem via a vida como a vejo agora, podia dizer que era feliz, pois tal como todas as outras crianças, era inconsciente.
Receber aquela bicicleta foi, na altura, como que um sonho tornado realidade. No dia seguinte, como era de esperar, fui de imediato mostrar o meu novo brinquedo aos meus amigos, e nesse momento, a minha humilde bicicleta nova foi o centro de todas as atenções.

Sandro Riço, C.Profissional G.P.S.I., 3.º ano

O fim da infância

Há dez anos eu sonhava ser astronauta, conhecer o espaço, as estrelas, os planetas.
Recordo-me de sair da escola e ir a correr para casa para brincar com os meus colegas. Os dias pareciam durar mais tempo, sem preocupações, sem responsabilidades.
Nos fins de semana costumava ir à pesca com os meus pais, algo de que eu gostava muito.
Todos estes velhos tempos que agora recordo tantas vezes e me fazem sentir saudades...

Ricardo Galinha, C. Profissional G.P.S.I. 3.º ano

domingo, 23 de outubro de 2011

Pescar na foz do rio Almonda

Ontem quando fui à pesca tentei capturar aquela besta corpulenta, o barbo. Não o consegui pescar mas deixei-lhe o anzol preso às guelras.
No dia seguinte fui para lá bem cedo, às seis da manhã. Estava muito frio mas tinha imensa vontade de vencer o barbo marcado.
Desta vez levei uma cana e camaroeiro para o apanhar melhor se fosse preciso.
Passadas duas horas ainda não tinha aparecido.
Estava quase a dormir quando vi qualquer coisa grande a mexer-se no rio.
Peguei na cana (com duas linhas entrelaçadas uma na outra) e lancei o anzol ao rio. O peixe mordeu o isco.
Estava ele distraído com o anzol quando fui por trás com o camaroeiro e meti-o lá dentro. Peguei na navalha que tinha, espetei-lha na zona do abdómen e ele ficou mais calmo (na minha opinião o peixe estava a morrer). Fui a correr para o mostrar à minha avó. Ela viu como era grande e deu o devido valor à minha pescaria.
Fiquei o resto da tarde a descansar e pensei no que teria acontecido se fosse um tubarão ou uma baleia.
Pedro Santos, 7.º A

Pescar na foz do rio Almonda

... Mais tarde voltei, lancei o fio da cana ao rio, mas nada se mexeu. O rio estava calmo e só se ouvia o vento e o meu pensamento.
Passado algum tempo de espera e sem nada acontecer, pensei em ir dar um mergulho.
Fui a correr até à margem, saltei e nadei o mais fundo que consegui. Quando abri os olhos vi que o monstruoso peixe barbo era nada mais, nada menos, que uma mãe a tentar alimentar os seus filhos.
Nadei mais um pouco e vi que o rio estava vazio e poluído. Logo percebi porque é que aquele peixe era tão mau.
Saí da água, limpei-me e fui para casa.
No dia seguinte voltei, mas em vez da cana, trouxe um saco.
Entrei dentro de água e comecei a limpar. Ao final do dia, já muito cansado, voltei para casa muito feliz pois sabia que tinha ajudado alguém.
João Bruno, 7.º A

Pescar na foz do rio Almonda

... E a besta corpulenta tinha escapado. Mas eu prometi que não ia desistir. No dia seguinte voltei, mas desta vez com o meu avô. Armámos a cana e pusémo-nos à espera. Passaram-se duas horas, o meu avô já dormia e nada daquele barbo corpulento. Até que, quando eu também já estava quase a dormir, senti algo a puxar a cana. Saltei da cadeira e fui acordar o meu avô para ele me ajudar. Puxámos, puxámos e conseguimos retirar o barbo implacável da água. Pusémo-lo dentro de um balde e fomos para casa. Lá pesámos o peixe que pesava 10 kg. Houve peixe para o almoço e para o jantar e ainda convidei um amigo para ir lá comer.
Francisco, 7.º A

Pescar na foz do rio Almonda

"(...) De uma maneira ou de outra com o meu anzol enganchado nas guelras, o peixe tinha a minha marca." Por isso não desisti, fui atrás do homem que o tinha apanhado. A minha raiva era tanta que nem me apercebi que já era de noite. Tive sorte porque ele morava ali perto.
O homem entrou em casa e foi tomar banho. Eu não podia desistir! Já que estava ali, entrei pela janela e agarrei no saco com o peixe. Comecei a correr para não se descoberto, tropecei, e como estava ao pé de um rio, caí. O peixe foi parar dentro do rio e eu fui para casa desanimado. Tinha os meus avós todos preocupados e fiquei de castigo.
Talvez tenha sido por tudo isto que perdi as ilusões de ser pescador, porém penso que o que aconteceu me ensinou algo com sentido. Foram bons momentos aqueles em que fiquei a apreciar a natureza.
Cristian Mulear, 7.º A

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Diários de Guerra



Domingo, 7 de junho de 1944

Querido diário,

Hoje só tenho notícias boas para te dar. A guerra acabou finalmente!
Os hitlerianos foram derrotados e finalmente temos paz no nosso país.
Vê-se muita gente na rua e o sentimento geral é de alegria. Finalmente podemos brincar na rua sem termos medo de sermos descobertos e sem estarmos a ouvir tiros por todo o lado. Toda a gente está a combinar fazer uma grande festa.
Todos os jornais falam disto. Os judeus (embora não sejam em grande número) saíram à rua, foram aos sinos da cidade e tocaram-nos como sinal do fim da guerra e da paz que iriam ter daqui em diante.
Alguns judeus dos campos de concentração, que ainda não tinham sido gaseados, foram libertados!!! Nem podiam acreditar que tinham sido libertados. Enfim, a alegria é geral e todos estão contentes.
É tudo por hoje. Até amanhã.
O teu amigo, Francisco

Francisco, 7.º A

Quarta-feira, 7 de junho de 1944

Querida Marta!

Hoje as notícias são boas, mas também tenho algumas más. Na semana passada, só se ouviam tiros, pessoas aos gritos, pedras que chocavam contra as paredes da minha casa. O chão estava cheio de sangue e as pessoas, crianças, animais, fugiam que nem loucos!!!
Esta semana não se compara com a semana passada... Até parece que não estamos no mesmo país!
Esta semana, as pessoas estão felizes, não há tiros, agora só se ouvem as pessoas a falar e a rir. O chão e as paredes estão limpos e as crianças, quando chegam da escola, reúnem-se na rua a fazerem os trabalhos e depois brincam com os animais.
É assim na minha aldeia. As pessoas agora estão contentes e divertidas, mas também há algumas que choram a morte dos seus familiares e amigos.

Adeus.

Ana Beatriz Raimundo, 7.º A

Quarta-feira, 18 de junho de 1944

Querido diário,

Hoje tenho notícias boas, mesmo boas. Acho até que este foi o melhor dia da minha vida. A guerra, que já durava há muito tempo, acabou.
A primeira coisa que eu fiz foi ir ter com a minha mãe e com alguns colegas. Fomos logo brincar e jogar à bola... Depois fui para casa ajudar a minha mãe. Tínhamos a casa toda destruída, mas começámos logo a limpar tudo. Só queria que voltasse tudo ao normal, como era dantes.
Fui para a rua procurar pessoas feridas para as levar ao médico. Andei um bom bocado até que achei uma senhora que não conseguia andar, pois tinha levado um tiro na perna. Foi então que eu vi um caixote de lixo com rodas. Pus o lixo no chão, coloquei umas folhas dentro do caixote para não sujar muito a senhora, pu-la lá dentro e empurrei o caixote com a tampa aberta. Corri o mais que consegui e finalmente cheguei ao hospital. Salvei uma senhora e fiz uma boa ação.
Querido diário, adeus e até amanhã.
Teu amigo,
Patrique

Patrique, 7.º A

Sexta-feira, 8 de junho de 1944

Querido diário,

Hoje na imprensa os norte-americanos começaram a dizer que a guerra tinha acabado, mas nem toda a gente acredita.
O dia não começou como os anteriores. Não havia aviões militares no ar bombardeando as cidades em redor.
O meu vizinho é judeu e diz o meu avô que ele foi levado pela Polícia Secreta do Estado - a Gestapo - para um campo de concentração.
Se as notícias forem verdade o meu vizinho voltará para casa em breve. Já começámos a preparar uma festa de regresso para ele. Se as notícias forem falsas, comemos nós a comida toda. Digo isto porque a minha família tem esperança que Adolf, o vizinho de que falo, continue vivo.
Na minha opinião, o chefe da Pátria deveria passar pelo mesmo. Alguns judeus, felizmente, conseguiram escapar à Gestapo. Famílias inteiras, do avô ao neto, estavam no campo de concentração a algumas ruas da minha casa. As crianças não podem ver esses campos.
Não tenho mais nada para te dizer hoje.
Até amanhã.
O teu Pedro.

Pedro Santos, 7.º A

10 de junho de 1944

Querido diário,

Hoje o dia foi memorável. Hoje a guerra acabou.
A partir de agora não vou mais ouvir as pessoas a gritarem, a pedirem ajuda.
Mas tenho pena de ter visto homens a morrer a tiro, mulheres a gritarem porque lhes tiravam os filhos, filhos a chorarem, aterrorizados.
Cada vez que me lembro de cenas a que assisti, até me vêm as lágrimas aos olhos.

11 de junho de 1944

Querido diário,

Hoje foi um dia muito, muito mau. Eu pensava que a guerra tinha passado, mas afinal não passou. Ainda hoje assisti a uma cena de maus tratos. Passou-se com um miúdo com cerca de 3 anos que tinha acabado de ser libertado. Eu acho que é normal a pobre criança estar feliz por poder andar à sua vontade, mas chegou ao pé dela um soldado que ralha e bate no pequeno inofensivo.
Foi uma cena que nunca mais quero voltar a ver no resto da minha vida.
Tua amiga,
Carolina

Carolina Giga, 7.º A

7 de junho de 1944

Querido diário,

Finalmente posso escreve-te em paz. A guerra acabou.
Em breve voltarei ao meu país. Quero ver como se encontra a minha família, quero saber quem morreu e quem sobreviveu.
Aqui está tudo destruído, espero que lá as casas estejam de pé.
Agora já não se ouvem gritos nem tiros. À noite já podemos dormir descansados.
Ainda há pessoas mortas no chão, mas em breve volta tudo ao normal.
Espero que quando chegar à minha cidade já esteja tudo normal, sem pessoas feridas.
Já te contei muita coisa. Hoje foi um dia muito, muito longo por isso vou dormir.
Até amanhã.

Ana Carolina Domingues, 7.º A

Domingo, 1992

Querido diário,

Hoje foi um dia muito triste!
Aconteceu o que ninguém estava à espera, uma guerra. Um dia que nunca irei esquecer. Vi coisas que nunca antes tinha visto e que não quererei ver mais. Vi confrontos, lágrimas, feridos, mortos, pessoas que mais pareciam terroristas. Tudo me impressionou.
Não sei porque foi isto acontecer! Afinal, somos todos humanos. Temos o direito de viver, de desfrutar da vida e não confrontar a morte tão cedo.
Senti medo, desgosto deste mundo.
Não sei o que pensam pessoas tão más. Não sei se ficarão orgulhosas, mas sei que começar uma guerra não é ação de valor.
Chorei de medo e gritei de desgosto. Odiei ver crianças a fugir, a chorarem pelas mães, bebés a chorarem, sentindo a morte e o sofrimento de todos.
Não sei porque é que isto acontece, não percebo...
Tenho pena de quem deus chamou, e tenho orgulho de quem sobrevive.
O meu lema: sobreviver à morte, morrer a viver...
Adeus,
Patrícia

Patrícia Rocha, 7.º A

Terça-feira, 4 de outubro de 1995

Querida Madalena,

As notícias de hoje não são muito apelativas. Continuam constantemente a ouvir-se tiros e sirenes, não podemos sair à rua. Infelizmente, se sairmos à rua estamos a pôr a vida em causa e, além disso, na rua está um cenário dramático.
Ainda há bocado me veio uma senhora bater à porta a perguntar se a podia acolher por momentos aqui em casa.

Quarta-feira, 5 de outubro de 1995

Querida Madalena,

Por agora as notícias de hoje são as mais desejadas. Acabaram os tiros, já não se ouvem sirenes e finalmente sinto-me como um pássaro livre a voar pelos céus. Na cidade apenas se ouve o chilrear dos pássaros e o zumbir das abelhas. Felizmente a cidade apaziguou. As ruas estão repletas de pessoas que se sentem livres.
Era a melhor notícia que eu te poderia dar...
Até amanhã.

Joana Selorindo, 7.º A

Terça-feira, 5 de outubro de 1995

Querido Chin-chen!

Hoje finalmente acabou a guerra. Eu não consigo parar de chorar de felicidade. Amanhã vou para o meu país e tu vens comigo. Se por sorte a minha antiga casa lá estiver, tu vais adorá-la.
Estou tão contente que vou finalmente poder sair e comprar uma nova caneta para ti e uma boa roupa para mim.
Hoje vi as pessoas tão contentes. Os que estavam escondidos comigo saíram à rua a gritar mal receberam a notícia.
Amanhã vamos embora. Quando chegarmos a casa, vamos logo ver as máquinas a demolir os campos de concentração. Vamos ver a enorme felicidade dos judeus que irão ser libertados. Finalmente irão ter toda a atenção de que precisam. Iremos ver também o julgamento das pessoas que fizeram todo o mal da guerra.
Estou bastante contente!
Até amanhã, mal posso esperar.

Miguel Soares, 7.º A