quarta-feira, 17 de março de 2010

CARTA À RELIGIÃO

Itália, vinte cinco de Fevereiro de mil quatrocentos e oitenta e sete

Cara Religião,

Como estás? Eu estaria óptima se me deixasses em paz por um momento, já que tu não fazes outra coisa senão arruinar o meu avanço.
Já te disse. A Terra não é o centro do universo! E nós é que profanamos...
Se me deixasses avançar nas minhas pesquisas, talvez pudéssemos conciliar-nos e criar um mundo com conhecimento e fé. Estes não são necessariamente opostos. Apesar de eu, Ciência, não acreditar na existência de um ou mais deuses. Dá-me tempo, preciso de factos.
Por favor, é o que eu te peço. A única coisa. Deixa os meus cientistas em paz. Deixa de os julgar e converter. Deixa de lhes matar o espírito. Conhecimento é aquilo que os move.
Ouvi dizer que vão inventar uma nova doutrina chamada "Renascimento". Gostei muito. Espero que te agrade e que as coisas melhorem. Até lá, deixo-te este pedido.

Cumprimentos da tua oposta,

Ciência

Ana Saltão, 10.º B

terça-feira, 16 de março de 2010

CARTA À MOTA

Madrid, 25 de Fevereiro de 2010

Olá, Mota,

Sou eu, o Carro! Estou a escrever-te porque ando muito mal. Tenho andado com uma grande gripe e espirro oléo para todo o lado. O meu dono levou-me à oficina para ver o que tenho. Com a cara que ele fez, não deve ser coisa boa. A cara dele parecia a de um rio muito revoltado.
Ando muito triste e ao mesmo tempo com muito medo. Acho que ele está a pensar vender-me e comprar outro carro giro e de melhor qualidade.
Espero que contigo esteja tudo bem. Ouvi dizer que te tinhas aleijado na roda de trás. Espero que já tenhas uma nova.
Sou capaz de aparecer aí na pista, no sábado, para te ver correr, ou melhor, para te ver ganhar o título europeu de Supercross. Tenho a certeza que ganharás, és muito rápida, mesmo!

Um pisca-pisca deste teu amigo,

Toyota

Tiago Oliveira, 10.º B

CARTA AO PIMBA

Caro Sr. Pimba,

Eu, o Rock, estou indignado. O senhor ridicularizou todo o meu ser e também o Sr. Pop, tentando transformar-se em nós.
Nós não admitimos batidas foleiras, acordeons e dançarinas com celulite. Aliás, nem dançarinas queremos (vá... só se forem bem gostosas).
O senhor é uma tristeza para o mundo da música e um desrespeito para com os antepassados.
Mas que raio de nomes: Tony, Emanuel, Marco Paulo... Por favor, tenha vergonha.
Fico à espera que se reforme.

O seu inimigo,

Rock

Miguel Ropio, 10.º E

Guitarrada, 20 de Fevereiro de 2030

Meu caro Pimba,

Hoje ganhei-te novamente! Estás a passar à história, "companheiro". Os bailaricos que animavas estão em extinção, a tua música não presta!
Já lá vão os tempos em que eras um sucesso entre os velhos, mas eles, coitados, já morreram. Nesses tempos entrei em depressão porque não era adorado por ninguém, mas com a ajuda do meu psicólogo, o Sr. Dr. Bateria, consegui ultrapassar esse momento.
Agora sinto-me bem, muito bem, sabendo que estás a perder o sucesso neste país. Aconselhava-te a "comeres" da minha música para veres o que é bom. O Pop e o Jazz já são dois amigos frequentes nos meus concertos e também já convidei o Fado e o House a visitarem-me um dia destes. Depois dos concertos vamos todos até à discoteca do House com passes vip e ficamos lá até amanhecer.
Tu nem sabes o que perdes em não ires aos meus espectáculos porque o Fado leva umas garrafinhas de vinho do melhor, para irmos bebendo ao longo do concerto...
Bem, assim me despeço, sem mais para dizer.

Rock

P.S. Peço imensa desculpa se te arruinei a vida, mas cada um por si!

Carla Barrelas, 10.º B

CARTA AO LIVRO

2 de Maio de 1994
Querido amigo livro Ética para um jovem,

Estou a escrever-te para te pedir que cá venhas visitar-me ao espaço Net de Vendas Novas.
Eu sei que andas muito atarefado a ler, mas podias tirar umas férias. Vinhas visitar-me, jogávamos Counter-Strike, ouvíamos umas músicas e depois íamos para a janela assobiar às miúdas MP4.
Tenho estado um pouco doente, porque apanhei um vírus Trojan Horse, por isso tenho tido umas valentes dores de ecrã.
Fui de urgência à Mediacap para ver o que se passava, mas felizmente não era nada de grave.
Então e tu? Ouvi dizer que tinhas estado para aí bem mal por causa de umas traças e uns bichos dos livros. Se me viesses visitar, apanhavas ar e limpavas esse mofo que aí tens acumulado.
Vá, adeus. Vê lá se apareces.
Teu amigo,

Toshiba Kawasaki Matakumba Matongo

P.S. Não tragas coisas para ler!!!

João Bentes, 10.º A


quinta-feira, 11 de março de 2010

CARTA AO COMPUTADOR

25 de Fevereiro de 2010
Querido Computador,

Desejo que se encontre em bom estado. Não lhe escrevo desde a sua última avaria que o levou a formatar e espero que ainda se lembre de mim.
É com tristeza que o informo que em breve me irei reformar, pois graças à sua amiga Internet já não tenho lugar em prateleira, gaveta, nem mala de ninguém.
Agora sempre que alguém precisa de pesquisar ou até mesmo ler algo para se distrair usa a Internet. Tantos anos ao serviço do Homem para agora não passar de um amontoado de folhas com "cenas secantes"!
A Internet também estará presente na minha festa de despedida, pois o Homem irá passar-lhe o meu posto de Presidente da Associação de Informação e Pesquisa.
Espero que possa comparecer. Gostaria de o ver.

Com os melhores cumprimentos,
Livro

Joana Pereira, 10.º A

Querido Computador,

Ultimamente tenho ouvido falar muito de ti pelas piores razões. Estás a fazer-me concorrência e eu não gosto muito disso.
As crianças vão às livrarias e olham para nós, livros, com uma certa ignorância. Pedem sempre aos pais para irem comprar jogos de computador e ficamos desapontados, pois elas só olham para os nossos títulos e esquecem-se que podemos ter uma aventura hilariante, uma bela história de amor e até histórias baseadas em acontecimentos reais.
Um jovem pede aos pais como prenda de anos um computador, e eles não se impõem à vontade dos filhos. É horrível vê-los a mandarem nos pais. E sabes porque é que isso acontece? Acontece porque a culpa é tua!
Os jovens não convivem uns com os outros, preferem estar o dia inteiro ao computador. Se eles não lêem, é claro que não têm uma boa educação e vocabulário variado.
Espero que recebas esta carta, e que penses bem no que andas a fazer.

Cumprimentos do teu querido amigo,

Livro

Daniela Santos, 10.º B

CARTA À LUA

25 de Fevereiro de 2010
Exm.ª Sr.ª Lua,

Venho por este meio informá-la de que, infelizmente, não é possível trocar os turnos consigo. Sei que anda um pouco desanimada e que queria ter um tom de pele mais dourado e bronzeado, mas não posso trocar de turno porque corro o risco de ver diminuído o meu salário e, posso mesmo ser despedido.
O que é que você pensa? Ser uma estrela anã neste ramo é algo muito complicado. Ninguém me quer e foi pura sorte ter encontrado este emprego.
Mas, olhe, quer jantar comigo amanhã na hora de mudança de turno?
Espero a sua resposta brevemente.
Cumprimentos,
Sol

Daniel Nunes, 10.º E


Poente, 30 de Fevereiro de 3411

Minha querida Lua,

Hoje quando acordei pensei logo em ti. Espero que estejas melhor daquela tua luastipação.
Eu, há dias, apanhei uma solargia, mas já estou melhor. Passou com uma pomadinha asteróide.
Estive aqui a pensar, e que tal continuarmos o nosso torneio de futoespaço?
Bom, falando de assuntos mais importantes. Desculpa se te vou chatear com isto, mas tem que ser. Eu já te avisei que não podes esconder-te cada vez que passas de quarto crescente a lua cheia. A Terra precisa de ti, Lua, e tu escondes-te?
"Ah! E tal, lua nova!"Lua nova, não... Tens que perder essa mania.
Não quero que fiques aborrecida comigo, mas como teu amigo, quero alertar-te. A Terra está mesmo zangada.
Muda de atitude e pensa no nosso torneio de futoespaço. Tenho um novo cometa para jogarmos, ah ah!
Cuida dessa tua luastipação.

Beijinhos quentes,

Sol

Isa Almeida, 10.º B





quarta-feira, 3 de março de 2010

A TEMPESTADE

"A tempestade desencadeou-se muito mais cedo do que esperávamos, o céu partiu-se em centenas de relâmpagos, os raios destruíam árvores cujos troncos se partiam no meio de uma fumarada de enxofre..."
Luís Sepúlveda, O Velho que Lia Romances de Amor

Pensei se seria o fim. Não só o meu próprio fim, como o de toda a humanidade.
O nosso abrigo era fraco mas mesmo assim aguentámo-nos algum tempo até sermos atingidos por um feixe de electricidade vindo dos céus.
Estava estendido no chão, tentando proteger-me.
Abri os olhos, levantei-me e senti tremer.
O solo desfez-se em diversas partes. Era o fim. Rios de lava desciam pelas encostas enquanto se ouvia o som dos demónios vindo do subsolo.
A humanidade estava a ruir e já era tarde de mais.
Tentei fugir mas não consegui. Parei no meio do caos para olhar para trás na minha vida. No início, no meio e agora, estava a viver o fim. As memórias da infância, as aventuras da adolescência e as tretas da idade adulta. Não me arrependi de nada, só de ter deixado partir a eternidade.
Senti que algo puxava o meu ser interior para fora do meu corpo. Senti-me vazio. A minha mente apagou-se.
De repente toda a luz desapareceu. Entrei na escuridão.
Acabou.
Miguel Ropio, 10.º E

Era hoje, depois de tanto tempo esperado, finalmente tinha chegado a hora. As pessoas corriam de um lado para o outro desesperadas, os animais corriam até onde podiam, as árvores despedaçadas pelos relâmpagos. O fim do mundo tinha chegado.
Eu ainda há pouco estava a ouvir as notícias pela rádio: "Meus caros amigos, estamos a salvo. O fim do mundo virá apenas daqui a cem anos." Eu acreditei e, todo descansadinho da vida, fui visitar os meus pais para lhes contar a notícia.
Quando lá cheguei e lhes contei o que tinha ouvido, um enorme suspiro veio das suas bocas e um grande abraço me deram por tal notícia.
Uma hora mais tarde, começou a trovoada e uma chuva intensa. Minutos depois o desastre começa, o fim do mundo havia chegado mais cedo do que o previsto. Do nada criaram-se vários tornados que se transformaram em furacões, segundos depois. Nós escondemo-nos na cave. Quando a tempestade acabou, eu saí lentamente e, quando olhei para a rua, quase perdi os sentidos. A cidade estava completamente devastada.
Nós saímos daquele local o mais rápido possível. Aquela tinha sido a pior experiência que me tinha acontecido na vida.
Agora que passaram anos, trabalho para a National Geographic para tentar descobrir mais alguma pista sobre o tal "fim do mundo".
Andreas Falt, 10.º E

Após a visualização dramática e chocante do filme "2020" quase toda a turma ficou chocada, excepto o Dido (António) e o professor de Biologia. O Dido é insensível e acha tudo completamente normal. A sua cara é pálida e não mostra interessar-se por tudo o resto que o rodeia, apenas a música e as aulas de Educação Física interessam. O professor já era de esperar que não se mostrasse chocado. Para além de ter sido ele a mostrar-nos o filme, todos nós sabemos que é apologista de que o mundo acabará com uma catástrofe natural da qual nada nem ninguém se pode livrar.
Eu achei o filme interessante e ao mesmo tempo fiquei com medo. É que a convicção e a segurança que o setôr mostrava ao ver o filme deixavam-me assim.
Será que tudo aquilo vai acontecer? Ou será apenas uma forma de manter as pessoas alerta sobre as suas acções, que mais tarde podem ter consequências graves? Eu prefiro nem pensar nisso. Vi o filme, gostei, chocou-me e intimidou-me mas por agora quero esquecer as imagens que teimam em permanecer na minha memória.
Pelo sim, pelo não, no final da aula fui falar com o professor e perguntei-lhe se não achava um bocado forte mostrar aquele filme a uma turma que tinha alguns alunos sensíveis. A resposta não foi de todo o que eu esperava. O professor disse que os jovens de hoje em dia deviam começar a pensar como seria o fim das suas vidas e como deveriam aproveitar os seus últimos anos de vida.
Apesar de querer esquecer toda aquela aula de Biologia, não consegui. Pensei e voltei a pensar. E desde então, passei a ter mais cuidado com o ambiente e aproveito a vida ao máximo, vivendo cada dia como se fosse um dos últimos.
Ana Nascimento, 10.º A

Será hoje o dia? Muitas pessoas perguntavam-se. Será que o homem irá pagar pelos males que fez à natureza? Ninguém sabe. Sabe-se apenas que o clima mudou, e muito. Esta tempestade é uma prova viva que a natureza está zangada com o homem. O próprio homem autodestruiu-se, a sua ganância falou mais alto e assim ditou a sua sentença.
Tempestades, terramotos, tsunamis, tudo tem vindo a aumentar no nosso planeta. Quando será o fim? Muitos cientistas afirmam estar próximo devido a estas mudanças tão súbitas da terra e do clima. O aquecimento global é a maior causa. O Homem não pensou no futuro, apenas no presente. Pensou apenas em ser um ente superior e evoluído.
Assistimos há pouco a uma grande catástrofe no Haiti. Um imenso terramoto que provocou milhares de feridos e mortos. Será apenas coincidência? Eu digo que não. É um aviso! Se o Homem não pensar no futuro o que mais irá acontecer?
Fala-se em 2012, o fim do mundo, talvez sim, talvez não, mas se o Homem não intervier, pode dizer-se que irá ter um final trágico.
No futuro não poderemos pensar apenas em nós, mas também na nossa casa, a Terra!
Bruno Ribeiro, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação

Uma tempestade como nunca antes vira destruía tudo. Centenas de pessoas em pânico nas ruas, a correr para se refugiarem nas suas casas, e eu na janela do meu quarto só pensava: "Será que é agora? Será que chegou o fim do mundo?" Nunca tinha acreditado muito nisso, mas agora era diferente. Estava a assistir a uma destruição sem igual ,e assustado, sem saber o que fazer, saí à rua. Queria estar com ela. Com aquele vento era difícil andar, mas não desisti. Se fosse o fim do mundo, o que importava morrer já ou depois?
A chuva e os relâmpagos eram tão intensos! Mas, para piorar, ainda surge um tremor de terra e aí foi o fim. O que mais me impressiona foi a tempestade terminar e só alguns terem morrido.
Gonçalo Manteigas, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação

Do meio de todo esse fumo preto, saem dois corpos, duas pessoas perdidamente apaixonadas, beijando-se loucamente, pensando ser essa a última vez que se veriam.
No meio de terramotos, de maremotos, lá estavam eles, preocupados só com o seu amor um pelo outro. Só interessava o que se passava entre os dois, enquanto prédios e vidas ruíam...
Mãos dadas e abraços sem fim, olhos nos olhos, só diziam sim.
Acaba uma história, acabam-se os tempos de uma maneira inexplicável, de uma maneira violenta, sem piedade.
Daniel Silva, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação