sexta-feira, 18 de março de 2011

Decrepitude

Constava que esta vivenda pertencia ao senhor Carlos da Maia, homem que Dâmaso achava "chique a valer". O ranger dos portões, quando o vento soprava, lembrava-lhe uma das mais belas sinfonias de Paris. Os longos e sinuosos caminhos do jardim igualavam-se às curvas das belas francesas que adorava.
Uma casa tão bela só poderia pertencer a Carlos da Maia, pensou. Aquele homem único, formado em Medicina e não em Advocacia como todos os outros, inteligente, um príncipe da Renascença. Os seus olhos eram uns apetecíveis grãos de café mergulhados em leite. Em tudo Dâmaso o admirava.
Enquanto olhava para aquela sinistra e decadente , mas diferente, mansão Dâmaso pensou nos corações que Carlos deixara partidos, tal como as telhas daquela moradia, envoltas num verde húmido e esmeralda. Os fortes e robustos muros da casa eram as fortalezas intrespassáveis daquele magnífico castelo.
Tanta decrepitude revelava imensa originalidade e espírito inovador, que, ao mesmo tempo, lhe lembrava os castelos antigos que ele venerava.
Ana Saltão e Sara Costa, 11.º B

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