quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Conto do Pedro Matreiro



Era uma vez, lá para o século XV, um homem não muito rico, mas também não muito pobre que vivia no norte de Portugal.
Um dia, o homem teve de ir tratar de uns assuntos na vila e a mulher, quando ele se estava a pôr a caminho, gritou:
- Ó homem, vê lá se arranjas um criado, mas olha que “Pedros” não!
- Deixa estar mulher, que sempre é bom em casa havê-los.
E lá foi o homem. Quando chegou à vila foi logo tratar dos negócios para arranjar tempo para achar um criado.
Lá no meio da vila, viu um rapaz que achava bom para trabalhar e disse-lhe:
- Olha lá, como te chamas?
E o rapaz respondeu:
- Chamo-me Pedro.
E disse logo o homem:
- “Pedros” não, que a minha mulher não os quer lá em casa.
O rapaz foi para casa e vestiu-se com outra roupa, e desta vez pôs-se um bocado mais à frente.
Foi o homem e perguntou:
- Como te chamas?
- Artur. – Disse o rapaz.
E replicou logo o homem:
- Ainda bem, porque a minha mulher não quer lá “Pedros”.
- E quanto paga o senhor? – perguntou o Pedro.
- Uma libra e de comer.
E o rapaz disse que podia ser.
Estava o suposto Artur a cavar mais o patrão quando este lhe disse:
- Vai buscar as enxadas à patroa, se fazes favor.
O rapaz foi à da patroa e disse:
- O patrão quer as duas carteiras.
- Como sei que não me enganas? – inquiriu ela.
- Quer ver? Ó patrão, é uma ou são as duas?
- As duas! – gritou o patrão.
E o Pedro abala a fugir com as carteiras e não deu mais sinal. 
Pedro Santos, 8.º B