segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crónica sobre a Saudade


Estou sentada a ordenar letras no papel, de modo a formar palavras ao acaso, muitas delas estão perdidas no pensamento, enquanto outras procuram dar respostas ao sentimento que assombra o meu corpo neste instante.

Olho em meu redor, reparo que nada me envolve, não encontro ninguém, estou só.

Tento situar-me geograficamente, somente para ter a consciência que existo, pois nada mais me indica a vivacidade da vida.

Assim, seguro-me à caneta com medo de cair no desespero permanente de não ter ninguém por perto. A caneta é como uma espada, que uso para me defender da solidão que penetra profundamente na minha vida.

O vento veloz que paira na minha cabeça faz revirar todos os meus pensamentos e sonhos, este é tão forte que me faz procurar, no meio do vazio, um porto de abrigo.

Algo surge, no meio do nada, vejo ao longe um conjunto de palavras que me confortam, talvez tenha encontrado o meu porto de abrigo.

Ao abeirar-me dessas palavras sinto que já não estou sozinha, agora tenho uma crónica que me faz companhia, conforta-me no momento mais difícil do meu viver.

A crónica, ao ver-me desolada, aperta-me e dá-me o carinho que tem no interior das suas letras para que eu possa continuar a viver no vazio da vida.

Sinto-me feliz por ter algo que me abrigue, mas tenho receio que, um dia, a crónica já não seja um porto de abrigo e eu caia numa solidão infinita.

Carmen Vale de Gato, 10.º B

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