terça-feira, 16 de março de 2010

CARTA AO LIVRO

2 de Maio de 1994
Querido amigo livro Ética para um jovem,

Estou a escrever-te para te pedir que cá venhas visitar-me ao espaço Net de Vendas Novas.
Eu sei que andas muito atarefado a ler, mas podias tirar umas férias. Vinhas visitar-me, jogávamos Counter-Strike, ouvíamos umas músicas e depois íamos para a janela assobiar às miúdas MP4.
Tenho estado um pouco doente, porque apanhei um vírus Trojan Horse, por isso tenho tido umas valentes dores de ecrã.
Fui de urgência à Mediacap para ver o que se passava, mas felizmente não era nada de grave.
Então e tu? Ouvi dizer que tinhas estado para aí bem mal por causa de umas traças e uns bichos dos livros. Se me viesses visitar, apanhavas ar e limpavas esse mofo que aí tens acumulado.
Vá, adeus. Vê lá se apareces.
Teu amigo,

Toshiba Kawasaki Matakumba Matongo

P.S. Não tragas coisas para ler!!!

João Bentes, 10.º A


quinta-feira, 11 de março de 2010

CARTA AO COMPUTADOR

25 de Fevereiro de 2010
Querido Computador,

Desejo que se encontre em bom estado. Não lhe escrevo desde a sua última avaria que o levou a formatar e espero que ainda se lembre de mim.
É com tristeza que o informo que em breve me irei reformar, pois graças à sua amiga Internet já não tenho lugar em prateleira, gaveta, nem mala de ninguém.
Agora sempre que alguém precisa de pesquisar ou até mesmo ler algo para se distrair usa a Internet. Tantos anos ao serviço do Homem para agora não passar de um amontoado de folhas com "cenas secantes"!
A Internet também estará presente na minha festa de despedida, pois o Homem irá passar-lhe o meu posto de Presidente da Associação de Informação e Pesquisa.
Espero que possa comparecer. Gostaria de o ver.

Com os melhores cumprimentos,
Livro

Joana Pereira, 10.º A

Querido Computador,

Ultimamente tenho ouvido falar muito de ti pelas piores razões. Estás a fazer-me concorrência e eu não gosto muito disso.
As crianças vão às livrarias e olham para nós, livros, com uma certa ignorância. Pedem sempre aos pais para irem comprar jogos de computador e ficamos desapontados, pois elas só olham para os nossos títulos e esquecem-se que podemos ter uma aventura hilariante, uma bela história de amor e até histórias baseadas em acontecimentos reais.
Um jovem pede aos pais como prenda de anos um computador, e eles não se impõem à vontade dos filhos. É horrível vê-los a mandarem nos pais. E sabes porque é que isso acontece? Acontece porque a culpa é tua!
Os jovens não convivem uns com os outros, preferem estar o dia inteiro ao computador. Se eles não lêem, é claro que não têm uma boa educação e vocabulário variado.
Espero que recebas esta carta, e que penses bem no que andas a fazer.

Cumprimentos do teu querido amigo,

Livro

Daniela Santos, 10.º B

CARTA À LUA

25 de Fevereiro de 2010
Exm.ª Sr.ª Lua,

Venho por este meio informá-la de que, infelizmente, não é possível trocar os turnos consigo. Sei que anda um pouco desanimada e que queria ter um tom de pele mais dourado e bronzeado, mas não posso trocar de turno porque corro o risco de ver diminuído o meu salário e, posso mesmo ser despedido.
O que é que você pensa? Ser uma estrela anã neste ramo é algo muito complicado. Ninguém me quer e foi pura sorte ter encontrado este emprego.
Mas, olhe, quer jantar comigo amanhã na hora de mudança de turno?
Espero a sua resposta brevemente.
Cumprimentos,
Sol

Daniel Nunes, 10.º E


Poente, 30 de Fevereiro de 3411

Minha querida Lua,

Hoje quando acordei pensei logo em ti. Espero que estejas melhor daquela tua luastipação.
Eu, há dias, apanhei uma solargia, mas já estou melhor. Passou com uma pomadinha asteróide.
Estive aqui a pensar, e que tal continuarmos o nosso torneio de futoespaço?
Bom, falando de assuntos mais importantes. Desculpa se te vou chatear com isto, mas tem que ser. Eu já te avisei que não podes esconder-te cada vez que passas de quarto crescente a lua cheia. A Terra precisa de ti, Lua, e tu escondes-te?
"Ah! E tal, lua nova!"Lua nova, não... Tens que perder essa mania.
Não quero que fiques aborrecida comigo, mas como teu amigo, quero alertar-te. A Terra está mesmo zangada.
Muda de atitude e pensa no nosso torneio de futoespaço. Tenho um novo cometa para jogarmos, ah ah!
Cuida dessa tua luastipação.

Beijinhos quentes,

Sol

Isa Almeida, 10.º B





quarta-feira, 3 de março de 2010

A TEMPESTADE

"A tempestade desencadeou-se muito mais cedo do que esperávamos, o céu partiu-se em centenas de relâmpagos, os raios destruíam árvores cujos troncos se partiam no meio de uma fumarada de enxofre..."
Luís Sepúlveda, O Velho que Lia Romances de Amor

Pensei se seria o fim. Não só o meu próprio fim, como o de toda a humanidade.
O nosso abrigo era fraco mas mesmo assim aguentámo-nos algum tempo até sermos atingidos por um feixe de electricidade vindo dos céus.
Estava estendido no chão, tentando proteger-me.
Abri os olhos, levantei-me e senti tremer.
O solo desfez-se em diversas partes. Era o fim. Rios de lava desciam pelas encostas enquanto se ouvia o som dos demónios vindo do subsolo.
A humanidade estava a ruir e já era tarde de mais.
Tentei fugir mas não consegui. Parei no meio do caos para olhar para trás na minha vida. No início, no meio e agora, estava a viver o fim. As memórias da infância, as aventuras da adolescência e as tretas da idade adulta. Não me arrependi de nada, só de ter deixado partir a eternidade.
Senti que algo puxava o meu ser interior para fora do meu corpo. Senti-me vazio. A minha mente apagou-se.
De repente toda a luz desapareceu. Entrei na escuridão.
Acabou.
Miguel Ropio, 10.º E

Era hoje, depois de tanto tempo esperado, finalmente tinha chegado a hora. As pessoas corriam de um lado para o outro desesperadas, os animais corriam até onde podiam, as árvores despedaçadas pelos relâmpagos. O fim do mundo tinha chegado.
Eu ainda há pouco estava a ouvir as notícias pela rádio: "Meus caros amigos, estamos a salvo. O fim do mundo virá apenas daqui a cem anos." Eu acreditei e, todo descansadinho da vida, fui visitar os meus pais para lhes contar a notícia.
Quando lá cheguei e lhes contei o que tinha ouvido, um enorme suspiro veio das suas bocas e um grande abraço me deram por tal notícia.
Uma hora mais tarde, começou a trovoada e uma chuva intensa. Minutos depois o desastre começa, o fim do mundo havia chegado mais cedo do que o previsto. Do nada criaram-se vários tornados que se transformaram em furacões, segundos depois. Nós escondemo-nos na cave. Quando a tempestade acabou, eu saí lentamente e, quando olhei para a rua, quase perdi os sentidos. A cidade estava completamente devastada.
Nós saímos daquele local o mais rápido possível. Aquela tinha sido a pior experiência que me tinha acontecido na vida.
Agora que passaram anos, trabalho para a National Geographic para tentar descobrir mais alguma pista sobre o tal "fim do mundo".
Andreas Falt, 10.º E

Após a visualização dramática e chocante do filme "2020" quase toda a turma ficou chocada, excepto o Dido (António) e o professor de Biologia. O Dido é insensível e acha tudo completamente normal. A sua cara é pálida e não mostra interessar-se por tudo o resto que o rodeia, apenas a música e as aulas de Educação Física interessam. O professor já era de esperar que não se mostrasse chocado. Para além de ter sido ele a mostrar-nos o filme, todos nós sabemos que é apologista de que o mundo acabará com uma catástrofe natural da qual nada nem ninguém se pode livrar.
Eu achei o filme interessante e ao mesmo tempo fiquei com medo. É que a convicção e a segurança que o setôr mostrava ao ver o filme deixavam-me assim.
Será que tudo aquilo vai acontecer? Ou será apenas uma forma de manter as pessoas alerta sobre as suas acções, que mais tarde podem ter consequências graves? Eu prefiro nem pensar nisso. Vi o filme, gostei, chocou-me e intimidou-me mas por agora quero esquecer as imagens que teimam em permanecer na minha memória.
Pelo sim, pelo não, no final da aula fui falar com o professor e perguntei-lhe se não achava um bocado forte mostrar aquele filme a uma turma que tinha alguns alunos sensíveis. A resposta não foi de todo o que eu esperava. O professor disse que os jovens de hoje em dia deviam começar a pensar como seria o fim das suas vidas e como deveriam aproveitar os seus últimos anos de vida.
Apesar de querer esquecer toda aquela aula de Biologia, não consegui. Pensei e voltei a pensar. E desde então, passei a ter mais cuidado com o ambiente e aproveito a vida ao máximo, vivendo cada dia como se fosse um dos últimos.
Ana Nascimento, 10.º A

Será hoje o dia? Muitas pessoas perguntavam-se. Será que o homem irá pagar pelos males que fez à natureza? Ninguém sabe. Sabe-se apenas que o clima mudou, e muito. Esta tempestade é uma prova viva que a natureza está zangada com o homem. O próprio homem autodestruiu-se, a sua ganância falou mais alto e assim ditou a sua sentença.
Tempestades, terramotos, tsunamis, tudo tem vindo a aumentar no nosso planeta. Quando será o fim? Muitos cientistas afirmam estar próximo devido a estas mudanças tão súbitas da terra e do clima. O aquecimento global é a maior causa. O Homem não pensou no futuro, apenas no presente. Pensou apenas em ser um ente superior e evoluído.
Assistimos há pouco a uma grande catástrofe no Haiti. Um imenso terramoto que provocou milhares de feridos e mortos. Será apenas coincidência? Eu digo que não. É um aviso! Se o Homem não pensar no futuro o que mais irá acontecer?
Fala-se em 2012, o fim do mundo, talvez sim, talvez não, mas se o Homem não intervier, pode dizer-se que irá ter um final trágico.
No futuro não poderemos pensar apenas em nós, mas também na nossa casa, a Terra!
Bruno Ribeiro, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação

Uma tempestade como nunca antes vira destruía tudo. Centenas de pessoas em pânico nas ruas, a correr para se refugiarem nas suas casas, e eu na janela do meu quarto só pensava: "Será que é agora? Será que chegou o fim do mundo?" Nunca tinha acreditado muito nisso, mas agora era diferente. Estava a assistir a uma destruição sem igual ,e assustado, sem saber o que fazer, saí à rua. Queria estar com ela. Com aquele vento era difícil andar, mas não desisti. Se fosse o fim do mundo, o que importava morrer já ou depois?
A chuva e os relâmpagos eram tão intensos! Mas, para piorar, ainda surge um tremor de terra e aí foi o fim. O que mais me impressiona foi a tempestade terminar e só alguns terem morrido.
Gonçalo Manteigas, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação

Do meio de todo esse fumo preto, saem dois corpos, duas pessoas perdidamente apaixonadas, beijando-se loucamente, pensando ser essa a última vez que se veriam.
No meio de terramotos, de maremotos, lá estavam eles, preocupados só com o seu amor um pelo outro. Só interessava o que se passava entre os dois, enquanto prédios e vidas ruíam...
Mãos dadas e abraços sem fim, olhos nos olhos, só diziam sim.
Acaba uma história, acabam-se os tempos de uma maneira inexplicável, de uma maneira violenta, sem piedade.
Daniel Silva, 1.º Ano, C.P. Gestão e Programação

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PÁGINAS DE DIÁRIOS


8 de Setembro de 1998

Nasci! Hoje nasci de novo. Entrei para a pré-primária e conheci aquilo que nunca vai acabar, a amizade. Conheci tantos amigos! Os meus pais ensinaram-me que à medida que eu crescer vou estar sempre a aprender com os outros. Ora, se eu tenho tantos amigos, vou aprender mais e mais todos os dias.
No dia em que eu nasci tenho a certeza que a minha mãe, pai e irmão sentiram uma enorme amizade por mim, e que comigo iam voltar a aprender a ser crianças. Esta amizade que a minha família tem para comigo nunca vai desaparecer. É por isso que digo, apesar de ainda ser muito novo, que naqueles momentos em que eu pensar que estou sozinho ou que já aprendi tudo, tenho a amizade da minha família, essa que ainda me vai ensinar muita coisa e nunca me vai deixar sem companhia.
Por as amizades serem tão fortes, nunca quero perder um amigo, e quero sempre aprender com os que me rodeiam.

Gonçalo Inácio, 10.º B



Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010


Olá, diário. Tudo bem? Que imbecil que eu sou, a perguntar a uma folha de papel se está bem. Estou a começar a enlouquecer. Mas também o que é que se podia esperar de alguém que está há seis meses enfiado numa ilha deserta?!
Poderei considerar-me sortudo enquanto tiver papel higénico e uma caneta, porque no dia em que ele se molhar já não terei papel para escrever.
Já nem sei o que escrevi ontem (os meus desabafos tiveram outra finalidade). Enfim, talvez ainda comece a escrever na areia, mas depois também desaparece... TIREM-ME DAQUI!


Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010

Hoje o dia está a correr-me melhor. Tive um banquete de luxo: consegui finalmente (180 dias depois de aqui chegar) pescar um peixe e não tive que cumprir a minha dieta habitual, minhoca assada com folhas.

Sílvia Fraústo, 10.º B


14 de Janeiro de 2013

Já vivo nesta ilha há três anos, desde que naufraguei no barco à vela que tinha alugado.
Ainda me lembro que quando acordei, olhei em volta e reparei em homens armados.
Nestes anos tenho sobrevivido escondendo-me na selva, embora por vezes tenha que me aventurar e matar alguns homens pois preciso de mantimentos e de armas para me proteger dos animais. Mas há outra "coisa" na selva e parece que me observa...


17 de Janeiro de 2013

Hoje tive que me aventurar e finalmente descobri a "coisa", aliás as "coisas"...
Ao tentar saquear um laboratório, encontrei uma deitada numa maca a ser examinada.
Decidi destruir o laboratório, mas quando fugia um grupo daquelas "coisas" perseguiu-me...

22 de Janeiro de 2013

Diário, hoje consegui eliminar as criaturas que me perseguiram. Não foi fácil, mas...

24 de Janeiro de 2013

Não acredito. Aparecem de toda a parte. Parece uma legião romana contra mim!

Fábio Prates, 10.º B

22-04-70

Querido diário,
Fomos atacados por umas tribos africanas de Moçambique. Sofremos grandes baixas na nossa força de combate. Dos 1500 homens levados por mim, perdemos cerca de metade. Neste momento sinto uma enorme dor que me atormenta a cada dia que passa. Não sei se consigo aguentar muito mais tempo, sinto-me fraco e muito magoado.

24-04-70

Meu companheiro,
Esta guerra não há meio de chegar ao fim. Sinto saudades da minha mulher e do meu filho que está para nascer. O meu maior medo é não sobreviver para o ver. Sei que neste momento falta exactamente um mês para ele nascer. Espero conseguir viver até lá!

27-04-70

Amigo diário,
Hoje venho dizer-te que perdi um grande amigo meu de longa data. Morreu à minha frente e eu não pude fazer nada para o ajudar. Fugi, com medo. Sinto-me um cobarde sem força. Apetece-me desaparecer e não sei se conseguirei entrar novamente na frente do pelotão.

Tiago Oliveira, 10.º B

Quinta-feira, 22 de Abril de 1941

Já passaram dois anos desde que começou a Segunda Guerra Mundial. Ninguém esperava que após a primeira se desencadeasse outra igual.
As pessoas mudaram a sua maneira de ver o mundo. Vivem atormentadas e assombradas por todas aquelas caras que viram morrer às mãos dos inimigos. E eu sou uma delas. Estou assombrado por esta vida que não tem sentido.
Há cinco meses que estou neste campo de concentração em Auschwitz. "O trabalho liberta", disseram eles, mas a única libertação que recebemos é uma bala na cabeça.

Sexta-feira, 23 de Abril de 1941

Mais um dia se passou. Hoje subornámos um guarda para deixar passar grandes sacos de comida, mas o que eles não sabem é que entre a comida estão armas e munições.

Sábado, 24 de Abril de 1941

Acho que hoje é o Dia D. O guarda deixou passar umas sacas a mais e já temos armas suficientes, por isso hoje à noite iremos atacar.
Eu sou o que irá dirigir a operação e estou mentalizado que ou irei morrer nesta guerra ou, se for capturado, irei ser fuzilado. Assim, se alguém encontrar este diário, envie-o para a morada que está na capa.
Por fim, aqui expresso as minhas últimas palavras à minha filha e à minha esposa:
"Poderei partir e não voltar, mas quero que saibam que o meu coração convosco está. Nunca irei morrer, pois por vocês serei sempre amado e relembrado."

Daniel Nunes, 10.º E

São Paulo, 20 de Dezembro de 2016

Hoje acordei bem-disposto, tomei um belo pequeno-almoço preparado por minha esposa. Depois preparei a mala do nosso bebé e fomos para a garagem. Estava indeciso, levava o Lamborghini Gallardo ou o nosso Rolls Royce? Escolhi o Rolls, pois era mais espaçoso.
Estava ansioso por causa da final da Copa Mundial entre o Brasil e Portugal.
Fomos então para o Shopping Eldorado assistir ao Exterminador Implacável 7. Não foi grande ideia pois os barulhos do filme assustaram o Tales e tivemos que sair do cinema porque já estavam a atirar-nos pipocas.
Fomos para a Avenida Paulista ver uma exposição do artista plástico Daniel Phillipe. A Malu acabou por gostar muito de cinco obras dele e tive que lhos comprar. Quando contei que tinha estudado com o Daniel na minha adolescência, ela teve maior certeza do valor dos quadros.
Voltámos para a nossa Neverland latino-americana. Assistimos à copa e o Brasil ganhou por 2 - 0.

Mateo Augusto, 10.º E

23 de Agosto de 2070

Hoje completo 100 anos de idade. Serei a primeira da minha geração a chegar a esta idade e considero-me uma sortuda. Pude ver o crescimento dos meus filhos, netos, bisnetos e tetranetos.
Sei que tenho os dias contados. Já não aguentarei muito mais e sinto o poder da velhice a cair sobre mim. Os meus tetranetos às vezes perguntam-me se quero brincar com eles e eu digo sempre que sim. Estarei com eles até ao fim da minha vida.
A minha neta mais nova tem 35 anos. Hoje veio ter comigo e disse-me o que eu não queria ouvir: o meu querido neto Tiago morreu esta noite vítima de um enfarte. Disfarcei, fiz com que ela achasse que eu não tinha percebido, mas percebi e cada vez me sinto pior. Onde é que já se viu o neto morrer primeiro que a avó?!

Patrícia Ferreira, 10.º A






quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Zé-ninguém

Eu era o Zé-ninguém, uma formiga no meio de milhões de formigas iguais. Costumava ir à praia. Passava lá o dia com os meus amigos, jogávamos uma partidinha de futebol, ríamos, íamos para a água fazer maluqueiras, apanhávamos altas ondas com a prancha de surf,... Belos tempos! Sem preocupações, sem stress, sem nada que me fizesse passar noites em branco. Era uma vida quase perfeita. Faltava só realizar um grande sonho de infância.

Um dia, decidi escrever umas músicas. Até eu fiquei surpreendido com o resultado, por isso resolvi cantá-las e lançar um CD. Segue o teu instinto, o meu CD, foi um sucesso mundial. Ganhei fortunas, comprei um Lamborghini, conheci o pessoal do jet-set. Passei de Zé-ninguém para... um ídolo... uma celebridade. Tinha tudo. Era o que eu pensava.

Um dia, faltavam cinco para a meia-noite, fui-me deitar.

A meio da noite acordei exaltado. Lembrei-me da minha outra vida. Antes daquela manhã fria de Dezembro em que me apeteceu fazer música. Naquela manhã em que morri e nasci novamente.

Passaram-se cinco anos. Nunca mais voltei à Praia da Rocha, nunca mais falei com o pessoal das jogatanas na areia semi-seca.

Apercebi-me agora... Nesta sociedade, nem a máxima dos três mosqueteiros resiste.

João Bentes, 10.º A

Passado - Presente

Olhando retrospectivamente para o passado e pensando na sociedade em que vivemos, podemos chegar à conclusão de que nestes quase quatrocentos anos que nos separam de Padre António Vieira, pouco mudou na forma como tratamos os outros seres humanos.
Pensemos, por exemplo, nos escravos das plantações na época dos descobrimentos, nos operários que trabalhavam nas fábricas inglesas aquando da Revolução Industrial, e, finalmente, nos chineses e indianos que trabalham sob condições desumanas nos seus países, e podemos observar que poucas são as diferenças que os distinguem.
É óbvio que houve algum progresso em áreas como a saúde ou a educação, mas na forma como tratamos o próximo, pouco mudou. Continuamos a olhar para os outros não como iguais, mas como meios para satisfazermos as nossas exigências e o nosso bem-estar.
Quando bebemos um café, não pensamos que pode ter sido apanhado por crianças que nunca foram à escola, tal como acontece em inúmeros países africanos e asiáticos.
Hoje, em pleno século XXI, ainda podemos assistir ao pior do Homem. Fomos à lua e voltámos, clonámos vacas, gatos, ovelhas ou tubérculos, mas não conseguimos acabar com a fome na Terra.
E assim continua o Homem ao longo dos séculos, esquecido dos outros homens.

Gustavo Galveias, 11.º A