quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Zé-ninguém

Eu era o Zé-ninguém, uma formiga no meio de milhões de formigas iguais. Costumava ir à praia. Passava lá o dia com os meus amigos, jogávamos uma partidinha de futebol, ríamos, íamos para a água fazer maluqueiras, apanhávamos altas ondas com a prancha de surf,... Belos tempos! Sem preocupações, sem stress, sem nada que me fizesse passar noites em branco. Era uma vida quase perfeita. Faltava só realizar um grande sonho de infância.

Um dia, decidi escrever umas músicas. Até eu fiquei surpreendido com o resultado, por isso resolvi cantá-las e lançar um CD. Segue o teu instinto, o meu CD, foi um sucesso mundial. Ganhei fortunas, comprei um Lamborghini, conheci o pessoal do jet-set. Passei de Zé-ninguém para... um ídolo... uma celebridade. Tinha tudo. Era o que eu pensava.

Um dia, faltavam cinco para a meia-noite, fui-me deitar.

A meio da noite acordei exaltado. Lembrei-me da minha outra vida. Antes daquela manhã fria de Dezembro em que me apeteceu fazer música. Naquela manhã em que morri e nasci novamente.

Passaram-se cinco anos. Nunca mais voltei à Praia da Rocha, nunca mais falei com o pessoal das jogatanas na areia semi-seca.

Apercebi-me agora... Nesta sociedade, nem a máxima dos três mosqueteiros resiste.

João Bentes, 10.º A

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