terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Heróis

A maior qualidade da Humanidade é talvez o seu inconformismo. Nunca os homens se contentaram com boas condições, climas favoráveis ou alimentos fáceis e foi assim que conquistaram o mundo. Há muitos milhares de anos, quando os homens (ou os seus directos antecessores) deixaram África, o berço da Humanidade, adaptaram-se a novos ambientes, a meios nunca antes vistos e povoaram (quase) a terra inteira.
Nos séculos XV e XVI também os portugueses se não conformaram com este rectângulo à beira-mar plantado e partiram para a re-descoberta do globo. E foi um feito fenomenal o desses homens que se meteram em barcos de madeira de vinte e cinco metros de comprimento e partiram, sem garantias de regresso. O que ficou dessa aventura? Placas com nomes de ruas em mandarim e português nas praças de Macau? O cavaquinho minhoto como instrumento musical tradicional havaiano? Pessoas com Silva e Ferreira como apelido no Uruguai? Não só. Acredito que tenha ficado mais que isso. Muito mais que isso. Talvez a nossa maneira de viver, o espírito aventureiro português, que hoje estão tão diluídos, ainda perdurem noutros povos do mundo.
Gustavo Galveias, 12.º A

Para revelar todas as suas potencialidades, o ser humano precisa de entrar em si. Ao entrar em si, consegue ter conhecimentos das suas fraquezas, dificuldades, pontos fracos, o que só por si já exige grande esforço. Através do auto-conhecimento podemos ainda ter acesso aos nossos limites e, a partir daí, tentar superá-los.
É nesta base que se cria um herói, um espírito que se destaca, uma personagem tomada como modelo de superioridade.
Os descobrimentos de povo português são um exemplo de um acto heróico e de coragem. Foram pessoas que lutaram pelo orgulho colectivo de um país que, agora, graças a eles, pode dizer-se descobridor do Mundo. Foram pessoas que, com os seus conhecimentos e ousadia, se sacrificaram por um bem maior.
Presentemente, são poucas as pessoas dispostas a ultrapassar o seu espaço interior e projectarem as suas capacidades para um bem colectivo. Todos tentamos superar-nos, estudando, esforçando-nos, criando, procurando. Mas tudo isto para um bem individual, talvez na esperança de um dia podermos contribuir para um bem colectivo. E isso, sim, é o que nos transformaria em heróis.
Beatriz Ropio, 12.º A

Encontra-se num gene, mais propriamente no DNA, a informação genética de cada indivíduo, que o caracteriza física e psicologicamente. O espírito empreendedor é, pois, uma característica única e que está ao alcance de muito poucos, os chamados heróis.
Para comprovar o ponto anterior, dou o exemplo dos navegadores portugueses, como Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral que, impulsionados por um espírito aventureiro e guerreiro, propuseram-se descobrir novos mundos, mundos até aí desconhecidos. Contra o mar revolto, os ventos soprantes e as forças personificadas pelos deuses os feitos alcançados pelos portugueses tornaram-se uma proeza heróica.
Actualmente, possuindo o tal espírito empreendedor, irei falar de mim próprio. É claro que não sou um típico herói daqueles que usam capa preta e possuem uma forte força física. No entanto, possuo uma alma corajosa, que não desiste à primeira, nem à segunda, pois sei, tal como os navegadores, que existe algo novo por explorar. Em particular na escola, tenho o objectivo de ter melhores notas, mesmo quando um mau teste nos bate à porta, não deito a toalha ao chão e esforço-me para que na oportunidade seguinte possa ter mais sorte. É necessária força de vontade, a tal alma lusitana, que desde os nossos antepassados nos tem enchido de orgulho e me faz considerar-me, à minha maneira, um herói.
Procuro mais e melhor, acreditando sempre que o futuro será sorridente.
Filipe Margaço, 12.º A

Assim como n' Os Lusíadas é retratada a enorme coragem e espírito aventureiro dos portugueses antes de partirem por mares desconhecidos, a fim de expandirem o seu território e difundirem a sua fé, também muitos de nós podemos ser considerados heróis, nem seja apenas por nós próprios.
Como é óbvio, quando me refiro a simples pessoas como eu e outros como eu, denominando-nos de heróis, estou a referir-me a pequenas acções que podem ser heróicas pois atingimos os nossos objectivos, sendo que para isso temos que ultrapassar alguns obstáculos.
Por exemplo, nós, enquanto alunos do 12.º ano, já ultrapassámos a escolaridade obrigatória. No entanto, se há alguns colegas nossos que já deram por terminada a sua vida académica, nós estamos a tentar superar-nos, tendo por objectivo ingressar na universidade no próximo ano lectivo, para podermos ter a melhor vida futura possível.
Esta, como outras opções que tomamos, é para mim heróica porque exige sacrifício, esforço e alguma aventura de quem parte para o desconhecido com a vontade ou ambição de atingir os seus objectivos.
Somos heróicos, também, sempre que nos sacrificamos pelo bem-estar dos outros.
Temos, neste caso, o exemplo dos voluntários que, ou por pertencerem a associações de ajuda humanitária, ou por serem cidadãos interessados em ajudar os outros, partem do conforto de suas casas para locais longínquos, de grande instabilidade a todos os níveis e com grandes carências de cuidados básicos para ajudar quem mais precisa. Para tomar uma decisão destas é necessária confiança, coragem, boa vontade e determinação para viver situações complicadas.
Por que é que será que estas pessoas não são destacadas publicamente como heróicas, e outras, por atitudes sem benefício para ninguém são destacadas?

Sofia Raimundo, 12.º A




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