quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Diário de Camões

9 de junho de 1580

A velhice é, de facto, a idade mais triste da vida. Cada dia que passa, mais a minha mão trémula e envelhecida custa a escrever. Mas escrevo, por mais que me custe. Escrevo porque se não o fizer nas páginas amarelecidas deste diário, ninguém estará aqui para testemunhar a minha dor. Sinto-me velho e inútil, um resquício do que fui outrora.
Os poucos amigos que tinha, há muito esqueceram a morada deste pobre casebre, onde só o meu fiel escravo me presta ajuda, mendigando para nos alimentarmos, quando a tença de 15 mil reis anuais se esgota. Longe vão os tempos de glória, em que frequentava o paço e fazia sonhar as damas... Tempos idos.
Resta-me o consolo de ter conseguido salvar os meus queridos Lusíadas no naufrágio que me roubou a Dinamene, na foz do rio Mekong.
Foi grande o esforço para conseguir a sua publicação, mas valeu a pena. Quem sabe não servirão os meus Lusíadas para salvar o reino da escuridão em que se encontra, afogado em lágrimas de morte e luto nas areias de Alcácer Quibir. Por mim já nada podem fazer.
Wobbofet, 12.º A

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