quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Diário de Camões

Meu querido diário,

Apresento-me hoje perante ti, muito possivelmente, pela última vez.
O meu corpo está envelhecido, não é o mesmo que tinha há 30 anos, contudo, aqui estou eu pronto a aceitar a minha morte como uma amiga. Afinal, vivi sempre a minha vida ao máximo.
Lembro-me do dia em que passei a frequentar a corte do rei D. João III. A minha personalidade de homem sedutor e as minhas capacidades poéticas faziam com que conseguisse juntar o útil ao ideal, pois permitiam-me não só conquistar as damas como aumentar a minha fama de poeta.
Recordo-me ainda da fatídica viagem a Ceuta, aventureiro e corajoso, não hesitei em partir para a batalha. Regressei, depois, a Lisboa e ao estilo de vida boémia, ao qual já tinha habituado os habitantes da cidade. Foi, ainda, por essas alturas, no dia de Corpo de Deus, se a memória não me falha, que se deu mais uma "conquista" pessoal. Aquele rapas, o Gonçalo Borges, atravessou-se no meu caminho. Envolvemo-nos numa rixa e fui condenado à prisão.
Este incidente mudou-me a maneira de pensar. Quereria eu viver num país em que um pobre homem não pode defender a sua honra?
Lembro-me bem do dia em que decidi que ia ser explorador. Parti para o Oriente. As minhas longas viagens permitiram-me trabalhar n' Os Lusíadas.
Hoje terminaram as aventuras e apresento-me perante ti, meu diário, quem sabe pela última vez, e só te posso agradecer, velho amigo, eterno confidente.
Pedro Madeira, 12.º A

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