quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Diário de Camões



9 de junho de 1580
Querido diário,

Sinto-me velho. O meu corpo já sente o pesar dos anos e o fim a aproximar-se... e já fica a saudade da infância, do tempo em que o meu corpo era insaciável e de todas as façanhas que vivi.
O meu patriotismo levou-me, em 1549, a Ceuta, onde vivi uma das minhas maiores aventuras, que quase me tirou a vida.
Perguntas-me se me arrependo, e eu respondo que só me arrependo do que não fiz. Se hoje me dói a mão foi porque com ela escrevi os meus pensamentos, se me doem as pernas depois de uma pequena caminhada foi porque lhes dei uso em grandes viagens e se me dói a alma foi porque por ela passou muita realidade. Se me arrependesse de tudo o que fiz com a minha existência, a minha alma estaria tão gasta que o meu fim já teria chegado há muitos anos.
Perguntas-me o que quero, e eu respondo que quero descanso. Quero descansar o meu corpo, porque sei que enquanto não descansar ele não vai parar de doer. Quero cessar a minha alma porque por mim ela já fez muito. E quero pousar a minha pena...
Marta Zurrapa, 12.º A

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