sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Quis saber o que é o desejo"



Quis saber o que é o desejo,
De onde ele vem;
Perguntei aos antigos e virtuosos
de onde me chega o ensejo do desejar.
Respondeu-me a ignorância
em poesia quebrada, ridícula,
quando os altos risos me fizeram corar.
Mesmo o eco da montanha me ignorou a voz
Engoliu-me em desesperos
estrangulou-me o ego
cegou-me toda a vontade
secou-me a fonte das loucuras
e perdi-me nos tempos da eternidade
à procura da origem do desejo,
que não nasceu da terra
não caiu do céu nem se fez da água
e se perdeu no absurdo da espécie
que assim ama tanta irracionalidade.
Mas a paixão
e os enigmas da paixão
o desejo
e a paixão dos enigmas
vez alguma se esqueceu;
consumiu-me na demência
da busca do início;
dos primórdios da imprudência,
do limiar do desespero,
da cegueira, do fim das vontades
até mil eternidades
contra a maré
provarem o espírito e a fé
de que o desejo não se cria,
não nasceu; a paixão não se fez,
é.

Helena Couto, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem,
Descrevê-lo num efémero beijo,
Trocado por ninguém.
Qual visão, qual fala, qual melodia apaixonada,
Que me rasga os olhos e mostra
Aquilo que é tudo e não é nada?
Diz que é puro e inocente
E que me trespassa ferozmente;
Tudo arde, tudo consome,
A dor é tanta que não dói
E em vez disso, fome.
Sim, fome…
Perturbadora, instável…
O sangue flui rápido pelas veias,
Um segundo passa calmo, insaciável…
Penso demais…
As palavras amontoam-se na boca,
Não ando… a voz fica rouca…
Ah! Ignorância louca,
Que estou aqui sem poder mais.
Até que… ela desaparece,
Um segundo passa a ser um segundo,
Estou de volta ao mundo
E o desejo já me conhece.


Pedro Oliveira, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Ao tentar conhecê-lo
Dei conta que o sei bem

É disto que falo
O desejo…
É aquilo por que tanto anseio.

Aspiro ao que não tenho e quero
Corre por mim tal cobiça
E sem querer, adultero

O propósito para o qual me esmero
És tu, desejo,
Que me consomes!
Por ti almejo!
Se só assim conseguir vibrar
Oitavo pecado mortal
Despertas em mim um instinto
Para além do natural
Mexes com o que sinto
Fazes-me querer
Fazes-me mover
Fazes-me viver!

É isto o desejo:
Anseio
Cobiça
Almejo

Vanda Paixão, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
E porquê?
Isso eu não sei

Quando eu era pequenina
Por um desejo fui preenchida
Desvendar as palavras
Que utilizo na minha vida

Simples palavras
Vontades, ambições
O querer, o sonhar
O lutar, o vencer
Nunca baixar os braços
Guerrear
Por ti, só por ti
Minha paixão, minha ambição
Como te definir
Eu não sei
Só sei que gosto de te ter
Ambição minha,
Que me fazes lutar
Anseio de conquistar
Desejo, és tu que me moves,
Contra marés, contra luas
Por ti, meu desejo
Eu percorro tantas ruas
Batendo a portas e janelas
Ansiando uma resposta
De quem por detrás delas
Faça prevalecer minha aposta.

Anseio de viver
Desejo de alcançar
É tudo aquilo que sonho
E pelo que vou lutar

Melissa Ramos, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
E para onde ele vai.

Perguntei a mim próprio:
O desejo é aquilo que se deseja?
É anseio?
Ou apetite?
Ou será aquele sentimento que me cobiça?

(…)

Se há alguma coisa que aprendi é que
Na vida existem duas tragédias:
Uma, a de não satisfazermos os nossos desejos;
A outra, a de os satisfazermos.

Dominic Pinhão, 11ºA
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Queria saber o que é o desejo
De onde ele vem
Queria saber como é desejar alguém.
Procurei
Procurei até finalmente encontrar
O verdadeiro significado da palavra desejar.
Foi então que percebi
Que desejo é sinónimo de paixão
É desejar o olhar, o toque, o sorriso
É desejar tudo isso
Como se nada mais fosse preciso.
É querer a presença da pessoa desejada
Apenas isso, mais nada…
(…)
Brigite Alves e Dorin Golovca, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Quis saber como era
E que aspecto tem.
Pensei se viria do chão,
Do céu.
Pensei até se estaria numa caixinha
Para a qual a chave era o nosso coração.

Procurei então em todas as caixinhas
Das mais pequenas às maiores
Em vão…

De tanto procurar começava a cansar-me
Estava a desistir do desejo encontrar
Foi então que o meu coração falou
E baixinho me segredou:

“O facto de quereres tanto o desejo encontrar,
Tornou-se no teu desejo mais difícil de alcançar.”

Cátia Jeremias e Catarina Bernardino, 11ºA
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Desejava-te e tu a mim
Sem compreender o que é desejar…
Quis saber o que é o desejo,
De onde ele vem.
Procurei… Procurei…
Não encontrei…
No céu não estava,
Nas profundezas do mar mergulhei
No fim do mundo procurei,
Procurei… Procurei…
Não tinha outro desejo senão encontrá-lo
Desapareci, escondi-me, pensava que estava
algures… Mas não!
Desejei-te… Enlouqueci…
Era tarde.
O desejo correu em mim,
Mas não podia mais…
Desvaneci… Não encontrei…
E teu desejo
Ficou em mim…

Ruben Carvalho, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
(…)
Aquele sentimento eterno
Que nada tem a ver com o inferno,
Que nos acompanha ao longo da vida
Para que seja bem vivida.

Fábio Perdigão, 11ºA
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Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem.
Quis saber
O que era o amor,
E fui até mais além.
Além da terra e do mar,
Mas só no teu olhar iria encontrar
Uma vasta compreensão e alegria,
e foi aí que aprendi a amar.
Mas amar só não bastava,
Queria o toque do teu beijo,
E com paciência incontrolável,
Finalmente percebi o que era o desejo.
O amor e o desejo uniram-se num só,
Foi um laço tão firme
Como duas cordas com um nó.
(…)
Tiago Ouro, 11ºA
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Desejo… não sei como é que uma única palavra pode conter tantos significados, segredos, histórias, enfim tanta emoção.
As folhas da minha imaginação não seriam suficientes para descrever o que é o desejo, o que vem com ele e o que ele causa. Dizem que o desejo é o sentimento mais forte que temos mas que não conseguimos alcançar, daí desejarmo-lo tão intensamente. Eu não acredito em tal coisa, seria insensata se o fizesse, pois ao desejarmos uma coisa tão profunda, tão importante, se ela se realizasse, mudaria drasticamente a nossa vida e nós não estamos habituados a tal mudança.
Sendo assim, decidi chamar utopia ao verdadeiro desejo… a utopia vem da nossa personalidade, é uma mistura perigosa de muita paixão e pouca racionalidade, mas é a mistura que nos dá força para todos continuarmos a viver. Acho engraçado quando penso na minha utopia e sinto quanto a quero, também noto que uma parte de mim a afasta.
O desejo é então a necessidade que nós temos num determinado momento e que tem um grau de importância ligeiramente superior a outras coisas em que estamos a pensar.
Sendo a utopia uma coisa tão boa, tão secreta, vou conservá-la no meu pensamento onde ninguém lhe pode tocar… ficando só minha para sempre.

Joana Dias, 11ºA
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“Quis saber o que é o desejo, de onde ele vem”. Esta era a pergunta que me assombrava há algum tempo atrás. Tudo começou naquelas tardes de Verão mesmo quentes, vocês sabem, daquelas em que só se está bem deitado na banheira com água bem gelada, o rádio na MBD e uma grande limonada na mão. Ora, depois do belo banho refrescante, e no caminho para o lanchinho das cinco, os meus olhos prenderam-se num título de livro: O Desejo.
Não sei o que me passou pela cabeça na altura, mas fiquei com aquilo metido na cabeça. E já que estava de férias, por que não dedicar um pouco de tempo à questão: “O que é o desejo?”
Procurei debaixo do tapete, atrás da televisão e até no fogão, mas parecia não haver resposta para esta questão.
Então, fez-se luz sobre a minha cabeça, o dicionário haveria de ter a explicação, não fosse ele considerado por muito gente, o “livro das respostas”. Comecei a virar as páginas como uma criança a abrir a sua prenda de Natal, até que lá estava a palavra:
Desejo – forte sentimento de fazer ou ter algo.
A excitação transformou-se em desapontamento. Uma explicação tão pequena para uma palavra que diz tanto!
Não contente com o resultado, decidi sair à rua para tirar a explicação por mim mesmo.
Passei por um café, e sentei-me à espera numa hora de muito movimento, teria que conseguir achar respostas. Ao longe, ouvi a Sra. Julieta dizer à empregada de balcão: “Eu iria desejar um galão e meia torrada, se faz favor.”
Fiquei mesmo chateado. Será que o dicionário tinha mesmo razão? Mas, dentro de mim, parecia que aquela definição não fazia sentido…. Voltei para casa e caí no sofá. Para tentar afastar o mau humor, fiz um rápido zapping pela televisão, quando para meu espanto ouço a frase perfeita a ser proferida por um qualquer actor daqueles filmes antigos na RTP Memória: “O homem inteligente irá amar, os outros irão desejar.”
Tudo fez sentido a partir desse momento, a minha definição de desejo havia sido encontrada e não estava debaixo do tapete, nem atrás da televisão, nem mesmo dentro do fogão, mas sim dentro de cada um de nós, pois essa é a fonte do desejo, é o nosso interior, os sentimentos que desperta em nós, uma certa afeição pelo objecto, no entanto, a natureza do desejo é nunca estar satisfeito e, por vezes, somos escravos dele. Sejamos francos, a maior parte das nossas vidas é construída e baseada em torno do desejo, e nós estamos tão habituados a ele que consideramos a satisfação dos nossos desejos indispensável, e, quando se pensa dessa maneira, tornamo-nos escravos dele. Esta é a minha resposta ao desejo. E agora procuro outra resposta: Viveremos em torno de utopias?

“Há duas tragédias na vida: uma é não obter aquilo que desejamos, a outra é obtê-lo.”
George Shaw, 1903

José Esfola, 11ºA
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Todos os seres humanos têm desejos e estes comandam a vida de cada um. O desejo é tudo aquilo que o homem quer e ambiciona, tudo aquilo com que sonha.
A emoção despertada pelo desejo leva-nos, algumas vezes, a fazer coisas e tomar decisões que podem ser certas ou erradas.
Todo o ser humano sonha em realizar os seus desejos, mas, para isso, cada um de nós tem que lutar para conseguir concretizá-los.

Manuel Romão, 11ºA
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Quis saber que sensação é essa, que me faz saltar os níveis de adrenalina. Quis saber que força é essa que me move e me faz sentir vivo.
Será orgânico? Algo sintético ou natural? Mexe-se? Será, decerto, algo sobrenatural. Uma emoção tão humana que é humanamente impossível de perceber?
Não se combate, não se previne, não se cura. Será assim tão grave ter desejos? E se eu desejar saber o que é o desejo? E se eu desejar saber de onde ele vem? Continua a ser mau? Se é que alguma vez foi bom…
Luxúria ou ambição? Os meus desejos são algo que só eu compreendo; eu a quem mais desejar o mesmo que eu. Porque não se explica nem se entende, deseja-se e pronto. Desejo porque me apetece, por vezes com razões que eu próprio desconheço. E porque tudo o que é humano é um pau de dois bicos (bom e mau), e tudo o que é bom faz mal… será o desejo mesmo mau? Virão os desejos da Terra Prometida, da Terra do Nunca? Se assim é… para quê ter desejos… para quê ter ambições… De qualquer maneira, dê lá por onde der, seja o que for que o desejo é, ou de onde ele vem, a verdade é que acabamos sempre por ter de lutar pelo que queremos. Seja isso bom ou mau, é provável que nós, e apenas nós, o compreendamos.

Francisco Oliveira, 11ºA
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Desejo! Afinal o que é o desejo que tanta gente deseja? O que é o desejo que tanta gente sente? O desejo é tudo, somos nós, é o outro, é o que está entre nós e o outro. Desejar é querer e desejar é mais que amar. Quem ama deseja mas quem deseja ama, quer, vive! Eu quis saber o que é o desejo e de onde ele vem, mas afinal não é o amor apenas um dos sentimentos mais básicos do homem? Desejar é querer mais do que se quer, é sentir mais do que se sente, é almejar mais do que se almeja. A vida é parte do desejo, assim como o desejo é parte da vida. É a relação que não existe mas deseja-se, é o amor entre quem não se pode amar, mas deseja-se, é o ser e o estar, é o amar e apaixonar, é o querer e possuir, desejar é tudo, desejar é viver.
O desejo sente-se em todo o corpo, o desejo tem-se, possui-se. Somos hoje e sempre fomos movidos pelo desejo. Desejamos desejando o desejo, vivemos hoje, apenas e só, pelo desejo de viver! Afinal, desejar não é posse de ninguém, não depende das classes sociais nem da orientação sexual, nem do sexo nem da idade. Desejar é universal, e tão universal que não há ninguém neste mundo que não deixe de desejar, porque quando o fizer já não há amor, já não há vontade, já não há vida. O desejo é simplesmente isto, viver. E porque quem vive nunca se deve cansar de viver, quem deseja nunca se deve cansar de desejar. Para mim, desejar é viver!

Valentino Cunha, 11ºA

2 comentários:

8ºE disse...

Parabéns a todos! Excelentes poemas e reflexões!
Queria deixar um comentário especial ao José Esfola: Eu já sabia que tinha talento musical e um grande à-vontade em palco. Agora vejo que também se revela muito hábil e fluente na escrita. Gostei do texto. Achei-o original, claro, natural e bem escrito.

Valentino Cunha disse...

Bravo! Esta turma nunca desilude, tem assim umas coisas especiais, uns dons...