quarta-feira, 14 de abril de 2010

Descrição


O sol quente deixava no ar o cheiro à estação que se aproximava lentamente e convidava a ficar ali, quieta, muda e pensativa. De vez em quando, uma brisa leve levantava-se e passava por mim tão calma quanto o tempo, triste e melancólica. Decidi levantar-me também e percorrer o caminho de madeira sólida mas gasta que levava até à praia. Estava tudo deserto e resplandecente, não queria sair dali. Mas quem quer retornar a uma realidade sombria e petrificada? Quem quer voltar a um mundo incolor em que a felicidade se avista apenas como frágil e efémera? O mar estava revolto e os barcos simples e fracos regressavam a terra. E ali nada era certo, só a promessa de um dia novo. Um pescador velho e cansado recolhe os materiais saturados do trabalho. Mas a pequena praia acaba por voltar à solidão. Ao longe, vê-se algo que se aproxima apressadamente, e, com as mãos na areia fina e imóvel, levanto-me. É alguém risonho e pacífico, revolucionário e promissor. Continua a aproximar-se cada vez mais depressa e eu cada vez tenho mais pressa. Oiço o vento que agora uiva e grita. Mas alguém se aproxima, alguém que tem de chegar rapidamente.
O futuro, talvez.
Beatriz Ropio, 11.º B

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