quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aguarelas da Vila




O Merceeiro

Lá está ele ao balcão
Com um sorriso nas beiças,
Nas suas faces gordas
Duas manchas vermelhas.
Na sua mercearia,
Tudo lá pára:
A Afonsina, a Joaquina e a Manuela.
Por entre a coscuvilhice diária
Lá vende um pão
E uma garrafa de azeite.
A mão vai ao balcão e ao bolso
E lá aldraba mais uns clientes.
Com os seus dotes de eloquente
E os seus suspensórios cor-de-rosa,
Lá convence os mais loucos
A comprar as novidades:
É creme para as rugas,
É pomada milagrosa.
Por sorte, é só água
Que às vezes faz alergia.
Ele é o larápio da vila
E ninguém o apanha,
Ganha a vida desonestamente
E a lei nem lhe toca.
Luís Laranjo Matias
11.º A

O Polícia

De bigode farfalhudo
E com o cassetete em punho
O cabo Costa passeia pela aldeia
Das oito às oito e meia.

Cedo pára no café
E pede uma imperial.
Comenta alto para o taberneiro:
- Que vergonha esta que vem no jornal!
Um ladrão foi solto
Por sofrer de exclusão social.
E um homicida que da prisão saiu
Por padecer de doença mental.
Gustavo Galveias
11.º A

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