Após a partida de Lagos, enquanto navegávamos rumo ao desconhecido, deflagrou uma súbita tempestade, que fez com que o barco fosse em direção a leste, andando no mar durante dois dias e três noites. À terceira noite tivemos finalmente vista de terra.
Comecei por distinguir apenas a escuridão e o rasto do luar sobre as águas. No entanto, ao observar mais atentamente o espaço que ele indicava, descobri uma silhueta negra e espalmada, rodeada de ondas e recortada pelo luar. Franzi os olhos no meio da escuridão e distingui melhor os contornos. A figura despontava num triângulo irregular e atarracado, com um dos lados a alongar-se mais, antes de se afundar no mar. Ao aproximarmo-nos, vi uma superfície emplumada, agitada por uma brisa ligeira.
E, quando os meus olhos voltaram a focar, todas as peças se encaixaram: à nossa frente elevava-se uma pequena ilha, com palmeiras a agitar a folhagem, e uma praia a resplandecer suavemente sob a claridade noturna.
"Que lugar é este?" - pensei.
Atracámos no cais e o silêncio foi profundo. Nada mais havia que o chapinhar suave das ondas a bater no barco e o murmúrio da brisa entre as palmeiras. O ar estava quente, húmido e perfumado, como o vapor que fica a pairar após um duche de água quente.
Saímos do cais para um caminho de areia clara que seguia entre a vegetação sombria, sendo o nosso grande objetivo descobrir se esta ilha era habitada.
Por um breve período de tempo, o mato que nos rodeava, tão abundante como uma selva, envolveu-nos com uma escuridão absoluta, mas não encontrámos nem estradas nem vestígios pelos quais se pudesse entender que fosse habitada. Demos-lhe o nome de Ilha da Boa Vista, por ter sido a primeira vista de terra naquelas partes.
Carla Sousa, 12.º A
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