terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Torres de marfim



Desde o início dos tempos que o ser humano se preocupa em encontrar maneiras de passar o tempo, formas de entretenimento. Entretenimento esse que frequentemente esteve associado às massas e a acontecimentos com muito público na assistência. No entanto, nos últimos anos, esta ideia tem vindo a inverter-se. O entretenimento de massas e o convívio que a ele sempre esteve ligado foi sendo substituído por um entretenimento sem sair de casa e por um convívio quase "falso", através de meios de comunicação mais modernos.
As pessoas já não querem sair de casa para ver um espectáculo ou tomar um café com amigos. Querem trazer o espectáculo em DVD para casa, onde o podem ver sozinhas; fazer um café na sua Nespresso e trocar novidades no Facebook com os dez amigos que conhecem e os duzentos que nunca viram na vida. É triste, mas todos nós somos atacados por esta presunção dos tempos modernos, que nos tenta roubar o prazer de sair de casa num Domingo à tarde.
Senão vejamos, para um amante de cinema, as diversas salas ao longo do país sempre foram um local de culto, onde para além de se assistir a um bom filme, podíamos ainda sentir as reacções do público, as gargalhadas, os suspiros, as emoções em geral. Porém, actualmente o espírito da sala de cinema foi trocado por Home Cinemas e pipocas de microondas, tal como o ambiente infernal de um estádio de futebol foi trocado pela transmissão de jogos em HD, que até permitem desligar o som das claques.
Por outro lado, é muito mais assustador quando as pessoas trocam um café ou um passeio com os amigos por um convívio falso, virtual e ingrato através das mais diversas redes sociais. É verdade que quase todos as usamos, mas talvez devêssemos fazê-lo como um complemento e não como um substituto de algo que é real.
Assim, todos devemos reflectir sobre este comportamento e pensar que o espaço doméstico é importante, mas que o espaço colectivo não pode nunca ser esquecido sob pena de nos deixarmos empobrecer.
Rui Poeiras, 12.º A