quarta-feira, 14 de abril de 2010

Descrição


E a brisa fresca que soprava com grande intensidade parecia caducar todo aquele arvoredo secular. As folhas que outrora resplandeciam e reflectiam a luz do Sol, eram agora coisa nenhuma. Chegava o Outono e o mar agitava-se como se estivesse irritado, demonstrando toda a sua fúria. As ondas sucediam-se e o mar revolto adquirira um tom mais escuro e mais intenso. As gaivotas que habitualmente pairavam no ar, esperando eternamente pelo marisco, tornavam-se agora a maior presa das águas irreverentes mas belas. O cheiro a maresia aguçava o esplendor de toda aquela paisagem rejuvenescida, jovem. O farrapozinho de névoa, ao longe, formava um contraste surpreendente de cores e engrandecia o cenário de fundo dramático. O céu azul estava agora, lentamente, a ser preenchido por um conjunto de cores quentes e frias, dotando a imagem de um colorido fantástico e enternecedor. Era o arco-íris, um espectáculo só observável nesta fase do ano. A luz, não muito intensa, penetrava no arvoredo, clareando-o e esverdeando-o. Os pássaros chilreavam, os cães ladravam e os gatos miavam, compondo uma melodia sem igual no panorama nacional de música animal.
Filipe Margaço, 11.º B

Descrição


O sol quente deixava no ar o cheiro à estação que se aproximava lentamente e convidava a ficar ali, quieta, muda e pensativa. De vez em quando, uma brisa leve levantava-se e passava por mim tão calma quanto o tempo, triste e melancólica. Decidi levantar-me também e percorrer o caminho de madeira sólida mas gasta que levava até à praia. Estava tudo deserto e resplandecente, não queria sair dali. Mas quem quer retornar a uma realidade sombria e petrificada? Quem quer voltar a um mundo incolor em que a felicidade se avista apenas como frágil e efémera? O mar estava revolto e os barcos simples e fracos regressavam a terra. E ali nada era certo, só a promessa de um dia novo. Um pescador velho e cansado recolhe os materiais saturados do trabalho. Mas a pequena praia acaba por voltar à solidão. Ao longe, vê-se algo que se aproxima apressadamente, e, com as mãos na areia fina e imóvel, levanto-me. É alguém risonho e pacífico, revolucionário e promissor. Continua a aproximar-se cada vez mais depressa e eu cada vez tenho mais pressa. Oiço o vento que agora uiva e grita. Mas alguém se aproxima, alguém que tem de chegar rapidamente.
O futuro, talvez.
Beatriz Ropio, 11.º B