quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PÁGINAS DE DIÁRIOS


8 de Setembro de 1998

Nasci! Hoje nasci de novo. Entrei para a pré-primária e conheci aquilo que nunca vai acabar, a amizade. Conheci tantos amigos! Os meus pais ensinaram-me que à medida que eu crescer vou estar sempre a aprender com os outros. Ora, se eu tenho tantos amigos, vou aprender mais e mais todos os dias.
No dia em que eu nasci tenho a certeza que a minha mãe, pai e irmão sentiram uma enorme amizade por mim, e que comigo iam voltar a aprender a ser crianças. Esta amizade que a minha família tem para comigo nunca vai desaparecer. É por isso que digo, apesar de ainda ser muito novo, que naqueles momentos em que eu pensar que estou sozinho ou que já aprendi tudo, tenho a amizade da minha família, essa que ainda me vai ensinar muita coisa e nunca me vai deixar sem companhia.
Por as amizades serem tão fortes, nunca quero perder um amigo, e quero sempre aprender com os que me rodeiam.

Gonçalo Inácio, 10.º B



Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010


Olá, diário. Tudo bem? Que imbecil que eu sou, a perguntar a uma folha de papel se está bem. Estou a começar a enlouquecer. Mas também o que é que se podia esperar de alguém que está há seis meses enfiado numa ilha deserta?!
Poderei considerar-me sortudo enquanto tiver papel higénico e uma caneta, porque no dia em que ele se molhar já não terei papel para escrever.
Já nem sei o que escrevi ontem (os meus desabafos tiveram outra finalidade). Enfim, talvez ainda comece a escrever na areia, mas depois também desaparece... TIREM-ME DAQUI!


Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010

Hoje o dia está a correr-me melhor. Tive um banquete de luxo: consegui finalmente (180 dias depois de aqui chegar) pescar um peixe e não tive que cumprir a minha dieta habitual, minhoca assada com folhas.

Sílvia Fraústo, 10.º B


14 de Janeiro de 2013

Já vivo nesta ilha há três anos, desde que naufraguei no barco à vela que tinha alugado.
Ainda me lembro que quando acordei, olhei em volta e reparei em homens armados.
Nestes anos tenho sobrevivido escondendo-me na selva, embora por vezes tenha que me aventurar e matar alguns homens pois preciso de mantimentos e de armas para me proteger dos animais. Mas há outra "coisa" na selva e parece que me observa...


17 de Janeiro de 2013

Hoje tive que me aventurar e finalmente descobri a "coisa", aliás as "coisas"...
Ao tentar saquear um laboratório, encontrei uma deitada numa maca a ser examinada.
Decidi destruir o laboratório, mas quando fugia um grupo daquelas "coisas" perseguiu-me...

22 de Janeiro de 2013

Diário, hoje consegui eliminar as criaturas que me perseguiram. Não foi fácil, mas...

24 de Janeiro de 2013

Não acredito. Aparecem de toda a parte. Parece uma legião romana contra mim!

Fábio Prates, 10.º B

22-04-70

Querido diário,
Fomos atacados por umas tribos africanas de Moçambique. Sofremos grandes baixas na nossa força de combate. Dos 1500 homens levados por mim, perdemos cerca de metade. Neste momento sinto uma enorme dor que me atormenta a cada dia que passa. Não sei se consigo aguentar muito mais tempo, sinto-me fraco e muito magoado.

24-04-70

Meu companheiro,
Esta guerra não há meio de chegar ao fim. Sinto saudades da minha mulher e do meu filho que está para nascer. O meu maior medo é não sobreviver para o ver. Sei que neste momento falta exactamente um mês para ele nascer. Espero conseguir viver até lá!

27-04-70

Amigo diário,
Hoje venho dizer-te que perdi um grande amigo meu de longa data. Morreu à minha frente e eu não pude fazer nada para o ajudar. Fugi, com medo. Sinto-me um cobarde sem força. Apetece-me desaparecer e não sei se conseguirei entrar novamente na frente do pelotão.

Tiago Oliveira, 10.º B

Quinta-feira, 22 de Abril de 1941

Já passaram dois anos desde que começou a Segunda Guerra Mundial. Ninguém esperava que após a primeira se desencadeasse outra igual.
As pessoas mudaram a sua maneira de ver o mundo. Vivem atormentadas e assombradas por todas aquelas caras que viram morrer às mãos dos inimigos. E eu sou uma delas. Estou assombrado por esta vida que não tem sentido.
Há cinco meses que estou neste campo de concentração em Auschwitz. "O trabalho liberta", disseram eles, mas a única libertação que recebemos é uma bala na cabeça.

Sexta-feira, 23 de Abril de 1941

Mais um dia se passou. Hoje subornámos um guarda para deixar passar grandes sacos de comida, mas o que eles não sabem é que entre a comida estão armas e munições.

Sábado, 24 de Abril de 1941

Acho que hoje é o Dia D. O guarda deixou passar umas sacas a mais e já temos armas suficientes, por isso hoje à noite iremos atacar.
Eu sou o que irá dirigir a operação e estou mentalizado que ou irei morrer nesta guerra ou, se for capturado, irei ser fuzilado. Assim, se alguém encontrar este diário, envie-o para a morada que está na capa.
Por fim, aqui expresso as minhas últimas palavras à minha filha e à minha esposa:
"Poderei partir e não voltar, mas quero que saibam que o meu coração convosco está. Nunca irei morrer, pois por vocês serei sempre amado e relembrado."

Daniel Nunes, 10.º E

São Paulo, 20 de Dezembro de 2016

Hoje acordei bem-disposto, tomei um belo pequeno-almoço preparado por minha esposa. Depois preparei a mala do nosso bebé e fomos para a garagem. Estava indeciso, levava o Lamborghini Gallardo ou o nosso Rolls Royce? Escolhi o Rolls, pois era mais espaçoso.
Estava ansioso por causa da final da Copa Mundial entre o Brasil e Portugal.
Fomos então para o Shopping Eldorado assistir ao Exterminador Implacável 7. Não foi grande ideia pois os barulhos do filme assustaram o Tales e tivemos que sair do cinema porque já estavam a atirar-nos pipocas.
Fomos para a Avenida Paulista ver uma exposição do artista plástico Daniel Phillipe. A Malu acabou por gostar muito de cinco obras dele e tive que lhos comprar. Quando contei que tinha estudado com o Daniel na minha adolescência, ela teve maior certeza do valor dos quadros.
Voltámos para a nossa Neverland latino-americana. Assistimos à copa e o Brasil ganhou por 2 - 0.

Mateo Augusto, 10.º E

23 de Agosto de 2070

Hoje completo 100 anos de idade. Serei a primeira da minha geração a chegar a esta idade e considero-me uma sortuda. Pude ver o crescimento dos meus filhos, netos, bisnetos e tetranetos.
Sei que tenho os dias contados. Já não aguentarei muito mais e sinto o poder da velhice a cair sobre mim. Os meus tetranetos às vezes perguntam-me se quero brincar com eles e eu digo sempre que sim. Estarei com eles até ao fim da minha vida.
A minha neta mais nova tem 35 anos. Hoje veio ter comigo e disse-me o que eu não queria ouvir: o meu querido neto Tiago morreu esta noite vítima de um enfarte. Disfarcei, fiz com que ela achasse que eu não tinha percebido, mas percebi e cada vez me sinto pior. Onde é que já se viu o neto morrer primeiro que a avó?!

Patrícia Ferreira, 10.º A