sexta-feira, 24 de abril de 2009

LIBERDADE

Na vésperas do 25 de Abril, considerámos oportuno levar os alunos a reflectir sobre o conceito de liberdade. Apresentamos aqui algumas dessas reflexões.

Ninguém sabe o que quero, o que preciso…
O que se dá à vida e o que se pede?
“Faz da tua vida um caminho com sorriso…”
Fácil falar, mas se o tentas dói-te na pele.
E onde quer que eu vá, eu vou inteira:
O corpo em pele, alma e emoção.
Só peço que me aceitem e não me façam prisioneira,
Porque prisioneira, sou só do coração.
Liberdade é sentimento que me orgulha
E não creio que tenhamos bem tão valioso
Dói-me na alma, no corpo a agulha
Mas sei que vale a pena estas linhas com que me coso.
Um dia poderei dizer que sou pobre e nada tenho,
Um dia poderão dizer-me que nada possuo
Mas eu, pelo menos, sei e orgulho-me de onde venho
Corri mundo, vivi e vivo ainda cada gota que suo.
E mesmo que morra vazia, oca e nua
Ninguém me carregue ou me tape…
Não quero saber, sou livre como a lua
Não tenho dono, nem que este me mate.
Tenho no dedo a prova que mostra o meu compromisso
Tatuada com agulhas e tinta preta para sempre.
Casei-me com a liberdade e este é o meu vício.
Olho para trás mas vou continuar em frente.
Kátia Pirata, 10ºC



Os meus pais contam-me que antes de 1974 Portugal vivia em ditadura, não havia liberdade de expressão, as pessoas eram vigiadas, não podiam manifestar-se livremente, não podiam pertencer a um partido da oposição, aliás não eram permitidos partidos de oposição ao Governo. Havia canções proibidas, livros proibidos, censura nos jornais, teatros e cinemas. Quem não obedecesse era preso, torturado e obrigado a denunciar colegas. Hoje é-nos difícil imaginar viver num ambiente de repressão. Hoje somos livres.
No dia 25 de Abril de 1974, houve um motim militar. Os soldados portugueses derrubaram o regime de ditadura de Salazar, eram contra a guerra colonial, uma guerra sem sentido que tanto sofrimento trouxe aos portugueses. Os soldados tornaram-se heróis. Libertaram-se a si e a todos os portugueses.
A revolução de Abril, vista pelos portugueses, foi um marco histórico muito importante, foi a conquista da liberdade, “somos livres”, “livres em tudo”, “foi um peso tirado de cima”. Uma nova vida de esperança ia começar. Depressa, porém, se desiludiram, caiu-se no outro extremo – liberdade “a mais”, falta de regras,…
Mas, agora, temos de reparar numa coisa… quem é que festeja hoje o 25 de Abril? São pessoas que o viveram realmente, pois muitos dos jovens de hoje em dia nem sabem o que representa, desconhecem Salgueiro Maia, sabem apenas que é um feriado, ou seja, menos um dia de escola.
Vivemos num país livre há 35 anos, e todos nós sabemos como é bom poder dizer o que queremos, ler e ouvir o que queremos, ir onde nos apetece. Mas seremos realmente livres? Porque nos sentimos tantas vezes presos a condições e preconceitos? Há vários tipos de liberdade: a liberdade de expressão, a liberdade de acção, de pensamento…
A liberdade é uma questão muito relativa, sou livre de ir dar um passeio se me apetecer, mas não sou livre de viajar pelo mundo se não tiver meios económicos para o fazer. Temos, no entanto, a liberdade de lutar pela realização dos nossos sonhos, ainda que nem todos consigam lutar com os mesmos meios. É aquela sensação de que a alguns tudo “lhes cai do céu” e a outros “nada lhes corre bem”.
Sou livre de escolher o meu caminho, mas a minha liberdade termina onde começa a do meu vizinho. Vivemos em sociedade e isso limita-nos as acções. Não podemos fazer tudo o que nos apetece se isso ofende ou prejudica o nosso vizinho, não podemos dizer o que nos vem à cabeça se isso ofende ou magoa alguém. Há regras a cumprir se queremos viver em sociedade, regras relacionadas com o respeito pelo outro.
Deparo-me com muitos casos de pessoas que dizem que não há liberdade. Basta ouvir o noticiário para perceber que liberdade é coisa que não abunda pelo mundo, existem tantos países em guerra, tantos povos oprimidos por líderes tiranos, corruptos que só pensam em poder. Pessoas miseráveis, milhões em campos de refugiados, crianças que morrem de fome diariamente porque os lideres dos seus países preferem gastar em armamento o que poderiam gastar em alimentos e remédios.
Afinal, o que é a liberdade? Estou confuso, podemos pedir ajuda ao dicionário:

“Liberdade, s.f. condição do ser que pode agir livremente, isto é, consoante as leis da sua natureza, da sua fantasia (tempo livre), da sua vontade (decisão livre); poder ou direito de agir sem coerção ou impedimento…

Liberdade de consciência: direito de professar as opiniões religiosas e politicas que se julgarem verdadeiras;

Liberdade individual: garantia que todos os cidadãos têm de não serem impedidos no exercício dos seus direitos, excepto nos casos determinados pela lei;

Liberdade poética: uso de figuras e alterações morfológicas e sintácticas permitidas em poesia.”

Aparecem demasiados “ses”, parêntesis, excepções e permissões a condicionar a definição.
Bom, podemos deixar esta dúvida para a Filosofia, por isso, deixo-vos estas reflexões e o meu voto de um bom 25 de Abril e uma vida com liberdade!
Filipe Marques, 10ºB



A liberdade é um bem essencial ao qual o Homem tem direito. Como tal, não podemos nem devemos impedir que o Homem seja livre, embora nem sempre tal aconteça.
A verdade é que muitos são os casos, em que o Homem é privado da sua liberdade. Isto acontece porque existem pessoas que não conhecem limites à sua própria liberdade ofuscando a liberdade dos outros.
Deste modo, é necessário tomar medidas que assegurem a liberdade todos e de cada um. A existência e actuação de instituições com função jurídica (tribunais), que são responsáveis pela aplicação da lei, dão (ou pelo menos deveriam dar) o seu contributo nesse sentido, dado que têm como dever proteger um estado de direito, no qual tem de haver equidade entre os indivíduos da sociedade.
A liberdade é importante, na medida em que dá a oportunidade às pessoas de escolher os ideais a seguir, sejam eles de cariz religioso, político, etc. Contudo, não se deve esquecer que apesar das vantagens que a liberdade nos confere, é importante que a utilizemos de forma consciente, medindo as consequências das nossas acções.
A História Mundial está repleta de casos em que o abuso da liberdade de certos homens trouxe graves consequências para a Humanidade. A repressão sempre foi um modo utilizado ao longo dos tempos para que alguns pudessem fazer valer as suas opiniões, quando estas não eram aceites na generalidade. Assim, muitos foram os povos oprimidos, sendo de destacar o massacre causado pela ditadura nazista, no século XX, do qual foram alvos o povo judeu, mas não só. Este regime exterminava grandes massas tendo por base um preconceito racial, levado ao extremo da desumanidade.
Existiram muitos outros regimes que ameaçaram a liberdade das populações, durante décadas. Nem mesmo o nosso país conseguiu escapar a um período de ditadura. Embora não tenha tido consequências tão dramáticas como aquelas que resultaram da ditadura levada a cabo por Adolf Hitler, na Alemanha, o regime ditatorial salazarista adoptou uma política repressiva, onde não existia liberdade de expressão, uma vez que todos aqueles que se manifestassem contra o regime ou organizassem operações que pudessem constituir uma ameaça, resultando numa eventual dissolução deste, seriam severamente punidos.
Actualmente, o regime político que mais defende a liberdade do ser humano é a democracia. Contudo, a sua aplicação exige cidadãos atentos e com sentido crítico, que não se deixem intimidar face a qualquer tipo de tentativa de opressão, sem temer eventuais represálias por expor os seus pontos de vista.
De um modo geral, podemos concluir que a liberdade é um direito de toda a Humanidade, pelo que devemos lutar, pois o Homem não pode ser privado de decidir livremente, de fazer as suas escolhas, isto é, de pôr em prática e usufruir do seu livre arbítrio. É de notar que tem igualmente de o fazer de forma consciente e responsável, nunca perdendo de vista a liberdade dos outros, que não dever ser subjugada.
Joana Aldeias, 12ºA


Tenho a alma sem punidade
Sem mistérios nem solidão.
Tenho sede da tal liberdade
Quer voar solto meu coração.

Sobre mim paira uma estrela,
Que cintila numa grande constelação,
Dentro de mim trago a certeza,
De que a liberdade não é pura ilusão.
Tiago Ramos, 10ºA



Livre como um pássaro
A voar na floresta
É assim a Liberdade
Que ainda nos resta

Estar preso não faz sentido
Como um medo que se sente
Tal como um pedaço de nós que está ferido
A ferver em água quente

Não existe equilíbrio
Nesta balança pesada
Sê livre como um rio
Que corre na madrugada

Ser livre é ser feliz
Estar preso é ser frustrado.
Anaísa Jorge, 10ºB


Hoje todos dizem que vivem em liberdade e eu gosto da liberdade!
A liberdade de ser, a liberdade de dizer, a liberdade de fazer, a liberdade de escolher, a liberdade de ir ou ficar…
O homem é livre porque pode escolher. Quando dizemos sim, no lugar de não (ou não no lugar de si) fazemos escolhas que decidem a nossa vida. Mas a liberdade está cheia de restrições, de sinalização, de rectas, de curvas. Se não aceitarmos tais restrições, em nome da nossa “liberdade”, não tardaremos a descobrir que esse nosso conceito nos levará a cair no fundo do precipício ou a ficar num beco sem saída.
Então, será que a liberdade existe? Por mais que tome as minhas decisões, elas são sempre influenciadas pelo fim que pretendo obter. Tudo influencia tudo. Nada parte do zero absoluto.
A liberdade é um conceito inatingível na plenitude da sua definição porque no dia em que o Homem deixar de procurar, a sua liberdade morre para a vida.
No entanto, gosto e quero pensar que sou livre. Faço o que quero. Ninguém me pode dizer o contrário. Até me podem castigar que eu fujo através dela. Liberdade, que seria eu sem ti? Seria um escravo de alguém egoísta, alguém “armado” em imperador, ou até em Deus.
Liberdade, nunca me abandones. Nunca te escondas de mim. Nunca me pregues uma partida. Fica comigo para sempre. Vive os meus pesadelos e transforma-os em sonhos.
Liberdade, Liberdade, Liberdade...

Ana Margarida Silva, 10ºA



Para a maioria das pessoas, a liberdade é definida como viver sem limites, não sofrendo nenhuma consequência das suas acções. No entanto, a sua verdadeira definição não existe. O conceito de liberdade varia de sujeito para sujeito, sendo assim considerada indefinível.
Na minha opinião, liberdade é não viver dependente de alguém e não ser influenciado de maneira alguma, o que não significa que não se deva tomar a responsabilidade dos próprios actos. O humano, por mais que queira ser livre, nunca o será. Estará sempre dependente dos seus sentimentos, da sua educação, dos seus valores, dos seus actos. Estará sempre dependente de tudo. Estará eternamente dependente da vida.
Se o Homem quisesse ser livre, implicaria que este não sentisse, não se arrependesse, não amasse, não se magoasse, não se desiludisse, não se importasse, não vivesse.
A liberdade total jamais será completamente atingida. Iremos viver sempre influenciados por algo, ou seja, por mais que não queiramos, estaremos sempre dependentes da nossa consciência e limitados ao nosso valor como pessoa.
Apesar disto, várias pessoas consideram-se livres ao compararem a sua liberdade com a dos outros. Têm liberdade de expressão, têm autonomia e impõem os seus próprios limites, conseguindo atingir os seus fins à sua maneira, e para eles, esta “liberdade” é suficiente para se sentirem “livres”.
A liberdade irá sempre ser definida como indefinível.

Beatriz Prates, 10ºB



A liberdade é livre. É impossível de prender. No entanto, poucas pessoas a têm. Ter liberdade significa não ter preconceitos, não ter regras, não ter impedimentos. Ter liberdade implica ser livre.
Por mais que os homens se amem, por mais que os homens queiram ser felizes, nunca irão ter liberdade. Eles estão presos. Estão presos à guerra, ao ódio, àdor, à tristeza… E porque não ao amor também?
Ter liberdade implica não estar preso. Ter liberdade implica não ser homem. Ter liberdade implica não sentir, implica não ter sentimentos. Ter liberdade implica ser capaz de ir contra tudo e todos para atingir os seus fins.
Ninguém possui liberdade, todas as pessoas têm o seu medo, o seu capricho, o seu amor. Todas as pessoas estão dependente de algo para serem felizes. Todas as pessoas necessitam de algo para estarem bem consigo próprias.
Ter liberdade é sair sempre vencedor de tudo, estar sempre de cabeça erguida e estar consciente de que o mais importante é a nossa felicidade e não a felicidade dos outros. Ter liberdade é… difícil, acima de tudo.

Miguel Marmeleira, 10ºB



A nossa liberdade
Não depende da verdade,
Depende da nossa força
Depende da nossa vontade!
Somos livres de pensar,
Andar, respirar, decidir.
Somos livres de escolher
Qual o caminho a seguir
É tão livre quem aceita
Como aquele que enjeita
A liberdade não é abusar
É saber viver e respeitar.

Cláudio Mira, 10ºA



Hoje em dia, vemos a liberdade como um dado adquirido, pensamos que não nos pode ser tirada, principalmente as pessoas que nunca viveram sem liberdade. Mas, antes de mais nada, devemos interrogar-nos acerca do tipo de liberdade sobre o qual estamos a falar. Ser-se livre é ter opção de escolher entre alternativas, ponderando as consequências. Claro que mesmo nos regimes ditatoriais mais duros e repressivos, as pessoas têm essa capacidade de escolher ponderando as consequências, não são como marionetas ou robots que obedecem aos seus donos. Mas não é isso que faz delas livres, isso é algo que não pode ser tirado a ninguém, temos sempre o poder de escolher, optar entre caminhos. Vou, no entanto, centrar o meu discurso na liberdade politica.
Actualmente, damos pouco valor à liberdade politica, uma das conquistas do 25 de Abril. Hoje em dia podemos votar livremente, sabendo que o nosso voto contribui realmente, ainda que em pequena escala, para a tomada de decisões e, mesmo assim, temos vindo a assistir a taxas de abstenção na ordem dos sessenta por cento. A que se deve então este desinteresse por algo que tanto custou a ganhar como a liberdade? Por um lado, do ponto de vista de quem vota pode haver um sentimento de impotência perante a insignificância do seu voto em relação aos outros milhares de votos. Ou então, simplesmente, as pessoas interessam-se cada vez menos sobre a vida política do país. Nos dias de hoje, fazemos um mau uso da liberdade, que é um privilégio que nos foi dado e esquecemo-nos que por muito tempo não a tivemos e de como foi duro viver sem ela.
Mas a liberdade política também tem os seus contras. Ela própria permite que ideias que advogam a não existência de liberdade subam ao poder, com a consequente suspensão da mesma. Falo de ditaduras, do comunismo, da monarquia e de tantas outras formas de opressão. O que levanta um grande dilema: se um sistema que se diz livre não permite todas as facções políticas não é um sistema livre, mas se é completamente livre e permite todas as facções corre o risco de se tornar uma ditadura.
Gustavo Galveias, 10ºA

Atendendo à definição de liberdade – situação em que podemos realizar as nossas acções de acordo com a nossa vontade e sem condicionamento – deduzimos que esta se pode apresentar de várias formas: liberdade de expressão, de pensamento, de acção e ainda a maioridade legal. E a todas elas se dá um valor único que diverge de cultura para cultura.
Em todo o Mundo, a liberdade é um tema abordado com insistência, pois graças às diferenças culturais existe essa necessidade. Uma necessidade de oposição de regras que contrariam, nalguns casos, a liberdade, e a possibilitam noutros.
A sociedade precisa de regras. Como sociedade organizada (cada vez menos) e hierarquizada têm de existir formas para que não desabe. Assim, a liberdade tem de ser condicionada de certa forma, visto que, por vezes, não pode haver a hipótese de se fazer o que se quer, quando se quer. As pessoas nunca são totalmente livres, mas também não o podem ser; o caos iria ser ainda maior.
Quanto à liberdade que temos exigimos, temo-la como indispensável, apesar do facto de que, quanto mais possuímos, mais desejamos. Agora queremos ter a liberdade de agir e de escolher independentemente dos nossos pais; queremos expressar as nossas opiniões numa tentativa de mudança. Mas é a maioridade legal que vai definir o momento em que podemos ter essa liberdade que ansiamos.
Para que sejamos livres, temos de ter também consciência das responsabilidades que isso acarreta; ao seguirmos qualquer conduta a responsabilidade e as consequências recaem sobre nós e temos de as aceitar.
Neste nosso lado do Mundo, temos geralmente a possibilidade de escolher como queremos viver, quase todos temos as mesmas oportunidades que nos permitem sermos livres de uma ou outra forma, seguindo por um ou outro caminho; mas essa é uma batalha nossa.
Beatriz Ropio, 10ºB